"Vai sair com as amigas? Levo e busco vocês! Está desconfiada do crush? Nós seguimos ele". Esses são alguns dos serviços inusitados oferecidos pela motorista Eliana Ribeiro de Oliveira. Moradora de Palmas (TO) e enfermeira há mais de 10 anos, ela decidiu criar uma empresa voltada principalmente para mulheres, que têm receio de serem transportadas por homens. A "Penelope Driver" começou há cerca de 10 dias e já está a todo vapor. As corridas variam de R$ 15 a R$ 80. As mais caras são para o aeroporto Brigadeiro Lysias Rodrigues, que fica mais distante do centro da capital. A mulherada aprovou e se sente mais confiante, diz Eliana. Durante o trajeto pelas ruas de Palmas não faltam histórias sobre assédio, medo e desconfiança. "Todas as moças que estou transportando, todas, têm relato de assédio, importunação, piadinha, olhares, conversas estranhas durante o transporte feito por homens. Minha filha era usuária desses aplicativos e já passou por situações tristes", contou ela. Para anunciar os serviços, ela fez um banner bem criativo. A ideia é chamar a atenção e divulgar algo engraçado para atrair a clientela. E está dando certo. Desde que o perfil da Penelope foi parar nas redes sociais e a propaganda do serviço começou a circular, o telefone da Eliana não para de tocar. Normalmente, ela acorda cedo, trabalha como enfermeira no serviço público e à tarde começa a rodar pela capital. Mas, quando faz plantões à noite no hospital, ela passa o dia fazendo transporte de passageiros. A ideia é também oferecer um serviço seguro para crianças, adolescentes, idosos e até animais de estimação. O anúncio é claro: "Precisa levar seu filho à escola, creche? Levo e Busco. Precisa levar seu animalzinho no pet? Levo e busco também". "Já transportei dois gatinhos. Também fui chamada para levar um garotinho para a escola. Eu peguei ele em casa, desci do carro, coloquei ele na cadeirinha, coloquei o cinto de segurança, levei para a escola, peguei pela mão e deixei na sala de aula. Meu serviço vai além daquele serviço automático, além do transporte de aplicativo. Quero oferecer segurança, confiança e credibilidade". Na quinta-feira (14/4), Eliana acordou cedo para ir à rodoviária. Ela recebeu a ligação de uma mulher que mora no Pará pedindo um auxílio para a filha, de 16 anos, que vive em Palmas. "Eu fui a rodoviária, comprei a passagem. Levei a menina até a rodoviária e acompanhei o embarque", ressaltou. A motorista disse que inicialmente tentou se cadastrar nos aplicativos de viagem, mas não deu certo. "Acho que não deu porque o caminho não era esse. Eu também tinha a preocupação porque não tem como controlar quem eu vou atender. Quando não deu certo, percebi que eu podia fazer meu público e trabalhar com atendimento personalizado". O objetivo da Eliana é expandir, regularizar a empresa e até dar oportunidade a mais motoristas do sexo feminino que queiram se inserir nesse mercado. As passageiras que decidirem viajar com ela também podem conversar e até contar com uma enfermeira, caso precisem. No anúncio, ela ressalta: "Não pode pagar pelo psicólogo? Sou toda ouvidos para lhe escutar? Também faço serviço de enfermagem, sou uma ótima enfermeira". E aqueles serviços inusitados, como seguir o crush? "Não vivi e nem sei se vou viver. Isso foi para chamar a atenção, para ficar algo engraçado", diz brincando.Mas uma coisa, ela garante: um serviço seguro e uma boa conversa durante o trajeto. "O que me deixa feliz é criar relacionamento com as pessoas, conhecer a história de cada uma. Mulheres não sentam no banco de trás, sentam do meu lado. A pessoa pode me ligar a hora que precisar, quero oferecer um serviço de referência", concluiu.
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