O governador afastado do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), voltou para Palmas neste último fim de semana. No domingo (26/12) um morador que passava pela orla da Praia da Graciosa registrou o momento em que o político estava na portaria do prédio em que vive. Há semanas o governador está sendo procurado pela Assembleia Legislativa do Tocantins para receber uma intimação sobre o processo de impeachment contra ele. Mais de seis tentativas de encontrá-lo foram feitas em vários endereços, mas a falta dessa notificação travou o andamento dos trabalhos, que não podem evoluir até que Carlesse seja informado oficialmente. A partir desta segunda-feira (27/12) a Assembleia não terá serviços administrativos e entra em recesso parlamentar no dia 1º de janeiro de 2022. Neste período não serão realizadas sessões nos plenários, reuniões nas comissões ou demais eventos legislativos. O g1 questionou se algum servidor será enviado para tentar notificar o governador afastado agora que ele retornou para a capital, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. Durante o tempo em que esteve fora do estado Carlesse chegou a ser internado em um hospital de São Paulo após sentir dores no peito, mas nem a assessoria ou o advogado informavam sobre o paradeiro dele. A última informação divulgada era de que ele voltaria ao Tocantins assim que recebesse liberação médica. Na sexta-feira (24/12) após mais de dois meses de silêncio Carlesse postou um vídeo nas redes sociais desejando um feliz Natal para os tocantinenses. As imagens teriam sido gravadas em um shopping recém-inaugurado em Gurupi, no sul do estado. "Feliz Natal a todos os tocantinenses. Um beijo no coração de todos vocês. Feliz Natal", diz Carlesse no vídeo. Antes da publicação de sexta, a postagem anterior de Carlesse tinha sido um vídeo de pouco mais de um minuto em que negou as acusações que levaram ao afastamento dele e ao processo de impeachment.
Quais as acusações?
O pedido de impeachment é baseado nos inquéritos que levaram ao afastamento do governador pelo Superior Tribunal de Justiça. Carlesse é considerado suspeito em duas operações da Polícia Federal que ocorreram simultaneamente. Uma delas é para a apuração de um suposto esquema de propinas relacionado ao plano de saúde dos servidores públicos, na época chamado de PlanSaúde. A segunda operação investiga suposta interferência do governador em investigações da Polícia Civil que poderiam prejudicar aliados e o próprio governo. No dia em que o processo teve início, a defesa de Carlesse emitiu nota dizendo que a abertura era um ato apressado e impensado.