A jovem Kênnia Yanka Leão revelou as mensagens que o então namorado, Felipe Gabriel Jardim, enviou para seu celular minutos depois de matar o pai dela, o policial civil aposentado João Leão, de 63 anos, na farmácia em que o idoso era sócio, em Goiânia (veja as mensagens acima). O rapaz foi preso na quarta-feira (29/6). No dia do crime, na segunda-feira (27), ela disse que ele entrou em contato por mensagem e estava bastante alterado. Kênnia Yanka ofereceu ajuda e chegou a implorar, mas a resposta que recebeu foi o print do boletim de ocorrência que o pai dela havia acabado de fazer na delegacia. Ele fez ameaças e a última mensagem foi a confirmação da morte. "Matei seu pai. Falei para não acabar com a minha carreira", escreveu o rapaz. Segundo o delegado Rhaniel Almeida, que investiga o caso, o registro do boletim de ocorrência poderia prejudicar o possível ingresso do rapaz na Polícia Militar e isso teria motivado o crime. Ao ser preso na casa de parentes enquanto tentava se esconder da polícia, Felipe Gabriel gritou algumas vezes que o sonho de ser policial tinha acabado. Kênnia Yanka revelou ainda que teme a saída dele da prisão. "Como a Justiça dá o direito de ele ter um habeas corpus, esperar a decisão do juiz solto, no caso, ele vai ficar solto e eu vou ficar presa. Todo mundo viu a raiva que ele estava, o ódio no olhar dele. Ele não expressava arrependimento", desabafou a jovem. O casal namorou por um ano. No início, o relacionamento era bom, mas meses depois Felipe Gabriel teria mudado e se revelado uma pessoa agressiva, segundo ela. "Me xingava, me agredia, mas nunca achei que seria capaz de matar. Se eu olhasse para o lado, ele achava que eu estava olhando para alguém e começava uma discussão. Em qualquer lugar que fosse, ele começava a me humilhar, puxar pelo braço e era abusivo", contou Kênia Yanka.
Ligações
O delegado disse que, após o crime, Felipe fez, pelo menos, duas ligações. A primeira foi para avisar a namorada que tinha matado o pai dela. A segunda, para o policial militar que acessou o boletim de ocorrências contra o jovem e repassou as informações a ele. "Esse policial não sabia das intenções do Felipe e ficou surpreso quando recebeu a ligação dele dizendo que tinha matado o sogro", disse Almeida. O soldado se apresentou espontaneamente à delegacia e admitiu ter enviado o boletim de ocorrência ao investigado. Ele disse que tem uma “relação de amizade” com o Felipe Gabriel, mas que não sabia o motivo pelo qual ele queria o documento. Segundo o delegado, o soldado pode responder por crime de violação de sigilo funcional, bem como na Corregedoria da Polícia Militar. O investigado tinha registro como atirador esportivo, podendo usar a arma apenas em situações específicas. Porém, testemunhas contaram que ele se apresentava como policial, às vezes militar e às vezes penal, estando constantemente armado e fazia disparos várias vezes. “A gente soube, no entanto, que ele usava essa arma frequentemente, sacando em discussões com a namorada, em brigas de trânsito”, disse o delegado.