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Novembro de 2024
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João de Deus e advogada pedem registro de casamento em Anápolis

Defesa disse que não vai comentar vida privada do cliente. Religioso já foi condenado por vários crimes sexuais contra mulheres que o procuraram para tratamentos espirutuais em Abadiânia; ele nega

Foto: Reprodução/
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João de Deus e advogada Lara Cristina Capatto

03 maio, 2022

João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, pediu para converter a união estável que tem com a advogada Lara Cristina Capatto em casamento. O religioso é condenado por diversos crimes sexuais contra mulheres que o procuraram para tratamentos espirituais. Ele cumpre prisão domiciliar em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo informações de um cartório na cidade, o casal tem união estável desde 1º de setembro de 2021 e pediu a conversão em casamento no dia 8 de abril. O processo tem previsão de ser concluído na quarta-feira (4/5). Advogado de João de Deus, Anderson Van Gualberto disse que a vida particular do cliente "deve ser preservada e não tem autorização para comentar". O defensor disse ainda que o casamento não viola nenhuma regra da prisão domiciliar que o religioso cumpre. O g1 tentou contato com a advogada Lara Cristina Capatto, por mensagem e ligações feitas por volta das 17 horas desta terça-feira (3/5), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. oão de Deus sempre negou ter cometido qualquer abuso durante os atendimentos espirituais que realizou durante anos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia.

Condenações
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) já denunciou o religioso 15 vezes por crimes sexuais. João Teixeira de Faria já foi condenado por abusar de dez mulheres. Em juízo, restam 12 denúncias, as quais envolvem 56 mulheres, que ainda aguardam o julgamento.

De acordo com o Tribunal de Justiça, João de Deus já foi condenado a:

por posse ilegal de arma de fogo - pena de 4 anos em regime semiaberto, em decisão de novembro de 2019;
por crimes sexuais cometidos contra quatro mulheres - pena de 19 anos em regime fechado, em decisão de dezembro de 2019;
por crimes sexuais cometidos contra cinco mulheres - pena de 40 anos em regime fechado, em decisão de janeiro de 2020;
por violação sexual mediante fraude - pena de dois anos e meio, que podem ser cumpridos em regime aberto, em decisão de maio de 2021;
por estupro e estupro de vulnerável contra quatro mulheres - pena de 44 anos de prisão, em decisão de novembro de 2021.
por violação sexual mediante fraude - pena de quatro anos de prisão, em decisão de janeiro de 2022.

Denúncias
A primeira mulher a denunciar publicamente que foi sexualmente abusada por João de Deus foi Zahira Leeneke Maus, uma coreógrafa holandesa. Ela esteve no programa Conversa com Bial e contou sobre a violência sofrida enquanto esteve em Abadiânia para receber um atendimento espiritual. Zahira disse que ouviu relatos de outras mulheres e concluiu que havia um sistema para as vítimas. "A primeira coisa é 'vire de costas, eu vou te curar'. Existe um padrão (...) Você é manipulada a acreditar na cura”, disse. Após a entrevista da holandesa, outras mulheres começaram a denunciar que foram abusadas sexualmente por João de Deus durante atendimentos espirituais. Uma força-tarefa foi criada para investigar os crimes descritos em mais de 300 relatos recebidos.