Rio de Janeiro (RJ) - As cinco mulheres presas na última semana acusadas de fazerem parte de uma quadrilha de estelionatários tinham um grupo no WhatsApp para falar sobre os golpes. No “Apto 302 Recreio” elas trocavam informações sobre as vítimas, davam retorno sobre as ligações que faziam e sobre o saldo bancário das vítimas. Algumas vezes, elas chegavam a ironizar o limite bancário daqueles que caíam no golpe ou mesmo de pessoas que desconfiavam da quadrilha. As jovens foram presas dentro de um apartamento no Recreio dos Bandeirantes – número 302 – onde segundo a Polícia Civil funcionava uma central de telemarketing usada pela quadrilha para aplicar os golpes. Quando conseguiam obter os dados de uma vítima, as estelionatárias compartilhavam as informações no grupo de WhatsApp. Em um diálogo obtido pelo EXTRA, Yasmin Navarro encaminha os dados de uma idosa de 82 anos com baixo limite bancário. “Pobre”, escreveu a jovem em mensagem enviada. “Carol tá com azar”, emendou uma pessoa identificada como JN. “Não aguento mais pobre”, completou Yasmin. Em outro diálogo, Yasmin compartilha as informações de mais uma vítima, uma idosa de 61 anos. “Caiu”, escreve ela no grupo. “Ela era muito desconfiada. Quer falar com a gerente pelo chat. Desenrolada”, comenta. As jovens também compartilhavam, no grupo, as dificuldades para falar com vítimas pelo telefone. Em um diálogo, uma delas afirma que não estava conseguindo fazer contato com os números que tinha, afirmando que muito estavam errados. “Alguns nem chamam”, escreveu. “Muito número de empresa”, comentou uma pessoa identificada como GS. “Falei pouco também”, disse Rayane Sousa. Uma das integrantes do grupo incentiva as demais: “Mas tô sentindo que agora de tarde vai bombar”, escreveu. “Bora, meninas. Dinheiro pro FDS (fim de semana)”, disse Yasmin. “Chega me tremo”, comentou Rayane. Em um trecho das conversas, as estelionatárias comentam sobre a desconfiança de algumas vítimas. Uma delas, identificada no telefone como GS, comenta com as demais que uma mulher argumentou que poderia bloquear o cartão bancário pelo aplicativo, sendo desnecessário fazer o procedimento que ela estava recomendando. Outra integrante do grupo responde que tinha acabado de falar com um homem que sabia do golpe aplicado por elas. “Ele disse: vou desligar, mas a minha linha vai ficar presa com vocês, aí alguém de vocês vai atender e vai pedir a senha e vocês vão me passar a perna”, escreveu ela. Os diálogos obtidos pelo EXTRA foram retirados pela polícia do celular de uma das presas. Yasmin Navarro, Anna Carolina de Sousa Santos, Gabriela Silva Vieira, Rayane Silva Sousa e Mariana Serrano de Oliveira foram presas em flagrante na última quarta-feira por policiais da 40ª DP (Honório Gurgel). Segundo as investigações, elas fazem parte de uma quadrilha especializada em aplicar golpes principalmente em pessoas idosas. As estelionatárias ligam para as vítimas, fingindo serem da cental do banco delas, e informam que foi feita uma compra fraudulenta com seus cartões de crédito ou débito. As golpistas simulam um procedimento para bloqueio dos cartões no qual conseguem extrair os dados bancários das vítimas. Para a fraude ser finalizada, elas ainda conseguem que as pessoas entreguem seus cartões para motoboys que vão até os endereços das vítimas. Os motoqueiros fingem que foram enviados pelo banco e conseguem os cartões das vítimas. A Polícia Civil investiga quantas vítimas o grupo fez. Uma planilha encontrada no apartamento tem o nome de 10 mil pessoas que estavam sendo abordadas pelo grupo.
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