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Novembro de 2024
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Perícia

Em Goiânia (GO) polícia faz perícia em hospital abandonado

Segundo a polícia, perícia foi solicitada pelo Ministério Público. No local, foram encontrados diversas substâncias tóxicas, mas que não há risco de materiais radioativos

Foto: Reprodução/DEMA
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Fachada do antigo Hospital Santa Genoveva

03 setembro, 2022

A Polícia Técnico-Científica fez uma perícia no antigo Hospital Santa Genoveva, em Goiânia, que está abandonado desde 2017. De acordo com a polícia, a perícia foi solicitada pela Delegacia Estadual de Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), após uma requisição do Ministério Público de Goiás. A perícia foi realizada na sexta-feira (2/9). Segundo o delegado à frente do caso, Luziano Carvalho, o Ministério Público teria recebido denúncias de moradores sobre as condições do local. Segundo ele, essas condições são graves - entenda mais sobre os materiais encontrados abaixo."Está um cenário de filme de terror", disse o delegado. Para explicar da análise para constatar a presença de produtos e equipamentos médico-hospitalares armazenados, descartados ou abandonados inadequadamente, a polícia relembra o acidente com o Césio-137, que aconteceu em setembro de 1987, em Goiânia. No entanto, apesar dos materiais tóxicos, não há risco de material radioativo no local. O resultado da perícia será enviado à Dema, que apura o caso para chegar ao responsável pelo abandono. O g1 contatou a defesa de Maíra Ludovico, uma das partes do Grupo Santa Genoveva, para saber se a administração do hospital continua com o grupo e a motivação do abandono dos produtos tóxicos em questão. No entanto, o advogado Ricardo Gonçalez afirmou que a decisão judicial que declarou a falência do hospital designou um síndico para responder pelo local e que Maíra não é mais administradora do local, "não respondendo pelo mesmo e nem podendo falar em seu nome. "A decisão judicial gera efeito imediato, não  tendo os recursos interpostos efeito suspensivo", explicou Ricardo. O g1 não conseguiu localizar as demais partes do grupo. Já o advogado Dyogo Crossara, que foi nomeado síndico do local, afirmou ao g1 que responde somente judicialmente pelo local, apontando apenas os sócios do hospital podem falar sobre atual situação do hospital. A reportagem ainda solicitou uma nota à Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO), na noite desta sexta-feira, para saber se em algum momento, desde 2019, o hospital esteve sob responsabilidade administrativa do governo de Goiás e os motivos do local não ter sido utilizado. Isso, porque em 2019 o juiz Átila Naves Amaral disponibilizou o local para uso do Estado, durante a pandemia da Covid-19. O g1 aguarda retorno da secretaria.

'Cenário de terror'
O delegado Luziano Carvalho, da Delegacia Estadual de Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), explicou que a abertura do inquérito tem o objetivo de apurar se há crime ambiental sendo praticado, a partir do abandono de materiais tóxicos às margens de rio Meia Ponte, em Goiânia. No local, ele explica que foram encontrados diversos produtos e substâncias tóxicas, como materiais hospitalares, medicamentos, ampolas de sangue, móveis quebrados, uma geladeira abandonada, entre outros. Também falou dos equipamentos presentes no local e o risco de incêndio e até desabamento, devido a diversos buracos e parte de telhas e gesso caindo. "Há muitos materiais inflamáveis, diversos móveis e mesas quebradas", descreveu Luziano. Segundo a perita Patrícia Castro Braga, o trabalho da polícia técnico-científica vai levar em média de três a quatro meses, por conta de material que está sendo analisado. O resultado será enviado à Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) que investiga o caso para chegar ao responsável pelo abandono. A Polícia Científica ainda informou que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM) esteve no local em junho e, na ocasião, desmontou equipamentos radioativos para retirarem as fontes ionizantes. Deste modo, ressalta que não há risco de material radioativo no local. Entre os equipamentos analisados no local, que tiveram suas fontes ionizantes retiradas, estão equipamentos raio-X, tomógrafo, mamógrafo e outros utilizados em diagnósticos médicos. Para Patrícia, a principal preocupação é o fato da "massa falida desativada e abandonada" que se consolidou o antigo hospital se localizar às margens do rio. "Cabe à polícia científica apontar os riscos dessa ocupação de faixa marginal do curso hídrica", pontuou. Além disso, a perícia apura se os materiais abandonados estão contribuindo "para a proliferação de animais tais como urubus, ratos, escorpiões e morcegos". "Este animais podem ser um risco à saúde pública da população vizinha em especial", disse a perita. Luziano ainda fala sobre a importância da retirada imediata de todos os produtos hospitalares que permanecem no local. O g1 solicitou ao Ministério Público de Goiás (MPGO) uma posição sobre a retirada desses objetos do local e sobre o trâmite legal para que isso seja realizado. O delegado ainda citou o artigo 56 da Lei 9.605/1998, que diz que "armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas" constitui crime. Segundo o delegado, a pena pode variar de um a quatro anos e multa. Após a conclusão do inquérito, ele será remetido à Justiça de Goiás, que deve decidir quem deve ser responsabilizado e como.