Palmas (TO) - O Dia das Mães é uma das datas mais lembradas e comemoradas do ano, mas em 2020 será diferente para muitas famílias por causa do distanciamento social, que é necessário para frear o contágio do novo coronavírus. A mudança ocorre principalmente para quem trabalha na linha de frente contra a doença, como é o caso da enfermeira Xênia Pollyana de Amorim Galvão de 37 anos. Mãe de duas meninas, ela conta como a relação com as filhas e com a própria mãe mudou. Enfermeira na rede municipal de saúde de Palmas há 15 anos, a mulher trabalha em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ela conta que desde o início da pandemia o convívio dentro de casa mudou, principalmente com as filhas Alícia, de 9 anos, e Helena de apenas 4.
"Mudou tudo. Tenho contato direto com pessoas com suspeita da doença. Antes já tinha cuidados por trabalhar na área da saúde, mas a gente tinha mais contato físico. Fazíamos tudo juntas, até na hora de dormir. Dentro de casa não existem mais abraços e beijos e a gente não dorme mais juntas", contou.
Isso porque Xênia trabalha diariamente com pessoas que podem estar com a Covid-19. Por causa da pandemia ela conta que neste domingo (10/5) não haverá uma comemoração especial.
"Vai ser o primeiro Dia das Mães com distanciamento. Vamos fazer um almoço à distância".
Para a enfermeira, que considera afetos fundamentais, o desafio é grande. Ela diz que mesmo não morando perto da mãe nunca tinha ficado tanto tempo longe. "Minha mãe mora no Goiás e não a vejo desde março. Falo umas cinco vezes por dia com ela. Divido com ela tudo. É ela quem me vê chorar e posso contar com colo virtual". Xênia diz que as filhas também sentem falta de carinho, mas entenderam que os cuidados são necessários. "No início eu tentava fazer como se não parecesse tão grave. Falava: 'a mamãe está com gripe e tem que ficar longe', mas hoje elas já sabem o nome da doença e dizem que querem que o coronavírus vá embora logo".
Maternidade e os desafios da profissão
Xênia conta que estar na linha de frente contra a Covid-19 não é fácil, mas é gratificante, já que pode ajudar quem precisa de cuidados. "A gente não escolhe a profissão por dinheiro ou reconhecimento. A gente se sente útil por tirar a dor e o desespero de alguém. As pessoas chegam com falta de ar e você trabalha para deixar ela com um pouco de esperança". A mulher diz que mesmo com as dificuldades, consegue conciliar a maternidade com a profissão.
"Minha filha mais velha chegou a falar que não queria que eu fosse enfermeira, mas agora já entende que a missão da mamãe e essa e que é importante ajudar outras pessoas", disse.
Mesmo com vontade de estar ainda perto de quem ama, a enfermeira reconhece a necessidade de proteger a família e faz questão de aproveitar cada segundo ao lado das filhas. “Nessa atual fase estou tentando poupar um pouco as minhas filhas, oferecendo a elas um tempo de qualidade quando estamos juntas”.
Fontes: G1 Tocantins / www.poptvnews.com.br