p/Marcelo Senise
A Inteligência Artificial (IA) tornou-se uma presença significativa nas eleições em todo o mundo, influenciando o cenário político de maneiras complexas e multifacetadas. A crescente capacidade da IA para coletar, analisar e disseminar informações desempenhou um papel fundamental na forma como as campanhas políticas são conduzidas, como os eleitores são segmentados e como a opinião pública é moldada. No entanto, esse avanço tecnológico não está isento de riscos, e é vital abordar o impacto da IA nas eleições globais. Um dos aspectos mais notáveis do uso da IA nas eleições é a personalização das campanhas eleitorais. Por meio da coleta massiva de dados, a IA permite que as campanhas adaptem suas mensagens para atingir segmentos específicos de eleitores. Embora isso possa ser eficaz para mobilizar eleitores, também pode criar bolhas de informação, onde as pessoas são expostas principalmente a pontos de vista semelhantes. Essa personalização extrema pode polarizar a sociedade e dificultar a construção de consensos. Além disso, a disseminação de desinformação e deepfakes é uma preocupação significativa. A IA pode ser usada para criar conteúdo falso, tornando difícil distinguir a verdade da mentira. Isso pode minar a confiança nas eleições, espalhar informações errôneas e prejudicar a integridade do processo democrático. As redes sociais desempenham um papel crucial nas eleições modernas, e a IA é frequentemente usada para manipular o ambiente online. Bots e algoritmos podem ser usados para amplificar conteúdo político, criar tendências artificiais e disseminar informações tendenciosas. Isso pode distorcer a percepção pública e influenciar o resultado das eleições. No contexto internacional, muitos países estão adotando medidas para abordar esses desafios. Regulamentações estão sendo implementadas para aumentar a transparência na publicidade política e exigir a divulgação de financiamento de campanhas. A verificação de fatos desempenha um papel fundamental na identificação e correção de informações falsas. Além disso, o investimento em segurança cibernética visa proteger os sistemas de votação e a infraestrutura eleitoral contra ataques cibernéticos. No entanto, é preocupante que o Brasil, em particular, possa estar correndo riscos significativos devido à falta de ações preventivas eficazes. A ausência de regulamentações claras em relação à IA e à publicidade política nas redes sociais deixa o país vulnerável à manipulação e à disseminação de desinformação. A falta de investimento em segurança cibernética também coloca em perigo a integridade das eleições. Diante dessas ameaças, é essencial que o Brasil e outros países reconheçam a importância de agir proativamente para proteger a democracia. Medidas como a regulamentação de publicidade política, a promoção da transparência e o investimento em educação cívica e segurança cibernética são cruciais para garantir que as eleições continuem sendo um processo democrático verdadeiro e confiável. A colaboração internacional também desempenha um papel fundamental na abordagem dessas questões complexas e transnacionais. Portanto, a influência da Inteligência Artificial nas eleições globais é inegável, e os riscos associados a esse poder tecnológico são substanciais. A capacidade de moldar opiniões, polarizar sociedades e minar a confiança democrática é uma realidade que não pode ser ignorada. Enquanto muitos países estão tomando medidas proativas para mitigar esses riscos, é imperativo que o Brasil, assim como todas as nações, compreenda a urgência de agir. Não podemos permitir que a democracia seja prejudicada pela falta de regulamentação e ações preventivas. A integridade do processo democrático é um pilar fundamental de qualquer sociedade justa, e é nossa responsabilidade coletiva garantir que a IA seja usada para fortalecer a democracia, não para enfraquecê-la. O futuro de nossas eleições e da nossa democracia depende das ações que tomarmos hoje.
Marcelo Senise – Socio Fundador da Comunica 360º, Sociólogo e Marketeiro, atua a 34 anos na área política e eleitoral, especialista em comportamento humano, em informação e contrainformação, precursor do sistema de analise em sistemas emergentes, Big Data e Inteligência Artificial.