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Pressão

Cura Gay’: Igrejas impactam prejudicialmente vidas LGBT+

Após décadas de luta pelos direitos LGBTQIAP+, igrejas continuam promovendo a ideia da 'cura gay', deixando marcas profundas na vida

Reprodução/Canva/iG Queer - 09.10.2023
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Foi só em 17 de maio de 1990, há 33 anos, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde ( CID ). E só em 2019, que a transgeneridade também deixou de ser considerada uma doença. Contudo, ainda há instituições que insistem um reverter a sexualidade e identidade gênero de uma pessoa alegando falha, pecado ou erro. As instituições religiosas são as maiores atuantes na busca de uma “cura gay” . No Brasil, há diversos casos que ilustram a prática. O caso recente da ex-influenciadora bolsonarista Karol Eller que foi encontrada morta é o evento mais recente, e voltou a reacender o debate prejudicial da “cura gay” em pessoas LGBTQIAP+. Karol era uma mulher lésbica, mas na ocasião, ela havia afirmado ter “renunciado à prática homossexual” e os “vícios e desejos da carne”. “Quando eu era mais nova, até uns 16 anos, eu sentia muito ódio de mim mesma, eu frequentava a igreja nessa época e sempre ficava com a ideia de que meus sentimentos, desejos, não era o que Deus queria, foi piorando nessa época porque a minha mãe era muito homofóbica, então tinha um peso gigante nas minhas costas porque na minha cabeça eu estava desapontando minha mãe e Deus”, divide a tatuadora Leticia Sipriano, que se identifica como uma  mulher bissexual. Assim como Letícia, o estudante de jornalismo Jonathan Monteiro também passou pela mesma situação. Embora Leticia tenha parado de frequentar a igreja , Jonathan ainda continua indo periodicamente. “Essa pressão [de curar a própria sexualidade] acontece a todas as pessoas LGBTQIAP+ que passam pelo ambiente religioso. Desde criança você ouve ‘o que é certo e o que é errado’. Então, desde pequeno eu sentia essa pressão. Eu cresci na igreja Adventista, e a bíblia tem alguns versículos que a igreja gosta de usar para instrumentalizar e justificar o ódio”, afirma.

A cura gay no ambiente religioso
Para Jonathan, há duas formas que a igreja atua para cercear a sexualidade. A primeira é inconsciente, que se manifesta por meio das músicas tocadas, as pregações que falam sobre a família tradicional, o ambiente em si, etc. Já as formas conscientes é quando um pastor passa a direcionar conselhos para a pessoa diretamente e manda até materiais para “se curar”. “Teve um pastor que fez oração, de botar a mão nas minhas costas, e falar para Deus me ajudar na minha fraqueza. Aquilo vai te causando um conflito absurdo, gera dor, angústia. Já passei as madrugadas fazendo jejum e oração, e aquilo não vai mudando, você vai entrando na deles e eles vão oferecendo essa mudança”, compartilha o estudante.