O adeus ao apresentador Jô Soares, morto na sexta-feira (5/8) aos 84 anos em um hospital de São Paulo, aconteceu na manhã deste sábado (6/8). O corpo do artista foi cremado na cidade de Mauá, na Grande São Paulo, após a realização de um velório fechado a familiares e amigos, que contou com as presenças de nomes como os apresentadores Serginho Groisman e Tiago Leifert, o médico Drauzio Varella, o ator Dan Stulbach, o maestro João Carlos Martins e muitos outros. O artista estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde o último dia 28. A causa da morte de Jô não foi divulgada, a pedido da família. A sexta-feira (5/8) , após o anúncio da morte do apresentador, foi repleta de homenagens de amigos e admiradores do trabalho de Jô, que também já havia atuado como ator, diretor, dramaturgo, escritor e humorista em sua extensa carreira na televisão, no cinema e no teatro.
A vida e a carreira de Jô Soares
Jô nasceu no Rio de Janeiro em 1938 e era filho único de uma família rica que perdeu a fortuna. Estudou na Suíça e nos Estados Unidos, falava seis línguas e abandonou o plano de ser diplomata para se dedicar à vida artística. Interpretou dezenas de personagens, criou bordões e apresentou o mais conhecido programa de entrevistas da TV brasileira. Foi ator de teatro, cinema e televisão, além de dramaturgo, roteirista, diretor e escritor. O artista entrou na TV Globo em 1970, como protagonista do programa "Faça Humor, Não Faça Guerra". Já havia passado pelos canais Continental, Rio, Tupi, Excelsior e Record.
"Aqueles que através dos seus mais de 60 anos de carreira tenham se divertido com seus personagens, repetido seus bordões, sorrido com a inteligência afiada desse vocacionado comediante, celebrem, façam um brinde à sua vida", escreveu Junqueira, a ex-mulher, no Instagram.
Atuou, por exemplo, no clássico "Família Trapo". Na década de 1960, atuou no teatro, dirigindo peças como "Soraia" e "Posto 2", de 1960, escrita por Pedro Bloch. No ano seguinte, também dirigiu "Os Sete Gatinhos", de Nelson Rodrigues e, em 1969, elaborou uma montagem de "Romeu e Julieta". Entre 1970 e 1980, desfilou personagens antológicos na TV, como o Capitão Gay, cujo tema da trilha sonora ainda ressoa nos ouvidos de quem assistia ao super-herói em "Viva o Gordo", de 1981. No mesmo programa, fez o país repetir o bordão "bota ponta, Telê!", com o personagem Zé Galera, que criticava o técnico Telê Santana, às vésperas da Copa do Mundo de 1982. Em 1987, saiu da Globo para apresentar seu talk show, o Jô Soares Onze e Meia, no SBT. A decisão de deixar a maior emissora do país foi tida como um marco na televisão brasileira. Jô contrariava a alta cúpula da emissora para poder fazer um programa só seu, tendo a certeza de que dispunha de talentos para tanto. Com Jô Soares Onze e Meia, o SBT atingiu uma época de ouro, abrigando um programa, que recebia políticos, intelectuais e escritores. Mas, em 2000, voltaria à Globo, onde comandou por 16 anos o Programa do Jô. Com maior alcance, Jô se tornou referência absoluta na televisão, fazendo entrevistas que são vistas até hoje nas redes sociais. Uma delas ocorreu no primeiro ano do programa, quando as amigas Nair Belo, Lolita Rodrigues e Hebe Camargo arrancaram gargalhadas do próprio apresentador. Outra, ocorreu em 2006, quando Jô entrevistou Claudinho, o Político Gago. Artista de muitos talentos, Jô também enveredou pela literatura, deixando nove livros. Entre os mais populares, estão "O Xangô de Baker Street", de 1995, "O Homem que matou Getúlio Vargas", de 1998, "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras", de 2005, e "As Esganadas", de 2011. Ele se casou três vezes, com as atrizes Tereza Austragésilo e Silvia Bandeira e com a designer gráfica Flavia Junqueira. Com a última, brincava que vivia uma separação que não deu certo. Os dois ficaram muito amigos. Jô teve um filho, Rafael, morto em 2014, aos 50 anos.