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Opinião

Como assim Paulo Beringhs?

A pergunta que não quer calar é: Como assim, Paulo Beringhs?

Foto: Divulgação
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Paulo Beringhs grava fake news [edição de vídeo] contra o governador Ronaldo Caiado

22 junho, 2020

p/ Silvana Marta

A Revolução de 30 foi um movimento político armado com o objetivo de derrubar o governo do então presidente da república Washington Luís e impedir que Júlio Prestes fosse empossado.  Foi liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com um golpe de Estado, o Golpe de 1930 e que depôs o presidente da República Washington Luís em 24 de outubro daquele ano, impedindo a posse do presidente eleito Júlio Prestes. O principal protagonista da Revolução de 1930 foi Getúlio Dorneles Vargas, então presidente (nome que se dava aos governadores da época) do estado do Rio Grande do Sul. Em 1929, o presidente era o paulista Washington Luís, que, contrariando os acordos da “política do café com leite”, indicou como seu sucessor outro político paulista, Júlio Prestes. Essa desavença entre as oligarquias de São Paulo e Minas foi acompanhada da organização de uma outra frente, formada por políticos de outros estados, como Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro. Essa frente ficou conhecida como Aliança Liberal, ou AL. O objetivo da AL era lançar candidatos à presidência. A AL formou uma chapa para disputar as eleições de 1930 com Getúlio Vargas como candidato à presidência da república (na época ele era presidente (governador) do Rio Grande do Sul) e seu vice era João Pessoa (que era presidente (governador) da Paraíba). A chapa Vargas/Pessoa não conseguiu a vitória. Perdeu as eleições com um resultado esmagador: 1.091.709 votos a favor de Júlio Prestes contra 742.794 obtidos por Vargas. Novamente insatisfeitos - primeiro com a indicação de Júlio Prestes por Washington Luís à presidência da república e agora com o resultado da eleição que confirmou Prestes nas urnas - os membros da Aliança Liberal (AL) passaram a articular soluções alternativas para o caso. Nesse interregno, o vice de Getúlio (João Pessoa) foi assassinado (26/07/1930) por João Duarte Dantas, e embora as motivações do assassinato tenham sido de cunho mais pessoal do que político (Dantas acusou Pessoa de ter ordenado a invasão de seu escritório e publicado cartas íntimas por toda a Paraíba), se transformou em um pretexto para a revolução.  Getúlio Vargas, como líder articulador da revolução, ficou incumbido da organização do novo governo, que teria caráter provisório, mas que se estendeu por quinze longos anos. O presidente Washington Luís foi deposto do cargo e exilado. Em outras palavras, uma trama que foi protagonizada pelos perdedores que não aceitaram a derrota nas urnas.  Com o golpe de 1930, Getúlio Vargas toma o poder à força, amparado pelo Exército Brasileiro, e prende Totó Caiado, Senador por Goiás, que foi exilado para o Rio de Janeiro. Este foi o início de uma perseguição que se perpetuou por mais de 40 anos, tendo terminado quando Leonino di Ramos Caiado foi governador por Goiás. 

Entenda: 

A família Caiado sempre se pautou pelos ideais republicanos. Em 1893 Antônio Ramos Caiado (Totó Caiado) formou e comandou o Batalhão Acadêmico de São Paulo que marchou para a capital federal (RJ na época), colocando-se ao lado do Marechal Floriano, tendo inclusive se ferido na cabeça por um estilhaço de granada e esteve bem perto da morte. Senador da República de 1921 a 1930, foi reeleito e cassado pela Revolução de 1930 no primeiro ano de seu segundo mandato de senador. Entretanto a Revolução de 1930 não triunfou em Goiás. Pedro Ludovico Teixeira fez um levante em Rio Verde e acabou sendo preso. Na época, a hegemonia política era da família Caiado, mas a transição do poder dos Caiados para os Ludovicos poderia ter tido um desfecho diferente, não fosse o altruísmo de Totó Caiado que impediu veementemente o linchamento de Pedro Ludovico pela população de Rio Verde, revoltada que estava com a ação deste ao invadir a cidade com alguns seguidores. O vencido Pedro Ludovico foi conduzido pelo Dr. Zacheu Crispim até a capital do Estado, e por ordem do senador Totó Caiado, foi posto em liberdade. Como a revolução não triunfou em Goiás, Getúlio Vargas mandou a Companhia de Guerra do Exército para render o senador Totó Caiado, pois era uma força de oposição. Totó estava refugiado na Fazenda Tesouras, e quando foi descoberto, enfrentou sozinho a companhia de guerra, armada com 80 metralhadoras. Porém o comandante desta Companhia impediu que Totó Caiado fosse fuzilado, já que interpretou ato de bravura, quando em desigualdade de forças e peito aberto, enfrentou-a sozinho. Quando o comandante chegou nas cercanias da antiga Capital, negou o pedido de entregar Totó Caiado à nova força política recém instalada, por um mau presságio quanto ao destino deste. O comandante da Força Federal, portanto, disse que entregaria Caiado somente às Forças Revolucionárias no Rio de Janeiro, pois ele era um “homem que não podia morrer”. Domingos Velasco, na presença de Pedro Ludovico, retrucou: “Por que Ramos Caiado não poder morrer? Qualquer homem pode morrer!”. O comandante respondeu: “eu, velho soldado, nunca vi ato de igual bravura”. Na verdade o comandante se sentiu responsável pela vida do prisioneiro e o julgou homem destemido e de valor, já que para a corporação militar, esses são conceitos relevantes. Na sequência, ele foi conduzido até a cidade do Rio de Janeiro, sem poder ausentar-se de lá, por dois anos, à disposição do Tribunal Revolucionário, que apurou que ele não tinha cometido nenhum crime, após ter devastado sua vida pública e privada.  Em abril de 1932, Totó voltou sob a aclamação do povo de Goiás, tendo sido recebido com festa em todas as estações da Estrada de Ferro por onde passou. No período em que esteve detido sob palavra de honra no Rio de Janeiro, sua casa em Goiás foi varejada de balas, invadida, e seus pertences queimados - entre eles, diários e correspondências, ocorrendo assim a destruição de parte História de Goiás.  Não permaneceu muito tempo em liberdade, já que em 9 de julho do mesmo ano (1932), foi novamente preso, junto com vários expoentes da política goiana, por ordem de Pedro Ludovico, tendo ficado incomunicável de 09/07 até 31/10/1932. Toda sorte de violência foi praticada contra os detentos. Nesta ocasião, foi expedida uma ordem pelo chefe de polícia Estelita Campos, onde as pessoas foram proibidas de fornecer, vender ou comprar qualquer coisa à família do senador Totó Caiado; nesta época sua família viveu de ajuda, pelo amigo ‘Fú’ (Ademar Henrique de Macedo) que vendia gado de Ramos Caiado aos açougues como se seu fosse, e, ao receber pagamento, repassava-o à Da. Maria Adalgisa de Amorim Caiado, mais conhecida como Mariquita, esposa de Totó Caiado. Não fosse isso, ela não teria como sustentar os seus filhos. 

Perseguição

A família Caiado atravessou um verdadeiro inferno após a ascensão de Pedro Ludovico ao poder, que a perseguiu reiteradamente. Adversários políticos instauraram inquéritos e mais inquéritos contra o senador Antônio Ramos Caiado, numa tentativa de encontrar algum crime ou erro cometido. Houve até a instauração de uma Comissão de Sindicância, que nada apurou contra ele.  Em 1937, com o golpe do Estado Novo e a nomeação de Pedro Ludovico como Interventor Federal, as perseguições e hostilidades aumentaram. As nomeações a cargos para sua família não eram permitidas. Em contrapartida, falar mal dos Caiados foi a chave para que muitas pessoas conseguissem cargos de prestígio. Também os Caiados não podiam se defender dos ataques gratuitos e permaneceram em silêncio por ordens do então interventor Pedro Ludovico. É bom ressaltar que Pedro Ludovico Teixeira exerceu o cargo de governador do estado por dezessete vezes entre 1930 e 1954, como interventor de Getúlio Vargas.

Lei da mordaça

Silenciados por 15 anos sem poderem se expressar de nenhuma forma, em 1945 foi dado à Totó Caiado, pela primeira vez, o direito de responder à imprensa.  Após ter tido seu prestígio destruído por anos de ataques sem defesa, Totó Caiado dedicou-se ao apoio político aos companheiros, às cavalgadas, às lidas rurais, à advocacia e aos seus poemas. Faleceu em 14 de janeiro de 1967.  De lá para cá, a família Caiado aprendeu a viver em reclusão, se ajudando e se protegendo mutuamente. Unida, sobreviveu. Reascendeu com Leonino di Ramos Caiado governador e se consolida com Ronaldo Ramos Caiado, que ocupa o cargo máximo na direção do Estado de Goiás. 

Eleições 2018

Ronaldo Caiado assumiu o governo de Goiás sob protestos ferrenhos de seus adversários que não têm poupado nem sua esposa nem sua filha de covardes e constantes ataques machistas, oriundos de adversários sem escrúpulos. Marconi Perillo, hoje seu inimigo político, só se elegeu no passado pelas mãos corajosas de Ronaldo Ramos Caiado e outras lideranças como os ex-governadores de Goiás Otávio Lage, Ari Valadão, Henrique Santillo e o lendário Siqueira Campos - fundador, ex-governador e ex-senador do Estado do Tocantins.  A verdade é que as famílias das oligarquias goianas se uniram e criaram o ‘menino travesso’ Marconi Perillo, que foi eleito aos 35 anos, oriundo de um  "bar" na praça da Cirrose na rua 05, Setor Oeste, em Goiânia (GO). Marconi Perillo, sustentado pela força política dos Lage, Valadão, Santillo, Jayme, conhecidos coronéis de Goiás, tomou caminhos escusos. O rompimento de Ronaldo Caiado com Marconi foi inevitável.  A operação Monte Carlo apontou para a possível ligação do ex-governador Perillo à Carlos Cachoeira, um perigoso bicheiro e contraventor, conhecido não só pelos goianos, mas por todos os brasileiros, já que escândalos ligados ao jogo ilegal do bicho e às empreiteiras de sua propriedade protagonizaram parte da triste história da corrupção brasileira - uma história de grandes roubos aos cofres públicos. Há fortes evidências de que, Cachoeira se acostumou a golpear o erário público durante 20 anos reiterados, e hoje possui uma fortuna incalculável, detendo poder em virtude de seu aparato econômico que conseguiu graças às suas investidas corruptas contra o Estado brasileiro. As raízes de Carlos Cachoeira parece que ainda estão entranhadas em Goiás, até porque é goiano de Anápolis e, ao que tudo indica, fez do estado seu ninho de corrupção.

Combate à corrupção

Recentemente Jorge Caiado protagonizou um escândalo que levou um áudio de sua autoria aos quatro cantos do estado, tendo se espalhado por todo o Brasil. Mas o que vemos não é o que quer transparecer o apresentador Paulo Beringhs, conhecido pelos contratos publicitários firmados no governo Marconi, e que gravou um vídeo que abre com a seguinte frase: “Corrupção, grampos ilegais, denúncias feitas pelo primo do governador Ronaldo Caiado, Jorge Caiado”. E continua: “Só que até agora nada foi feito”.  A pergunta que não quer calar é: Como assim, Paulo Beringhs? Nada foi feito? Claro que foi! E com um único objetivo: não permitir atos de corrupção no governo de Ronaldo Caiado. Se de fato havia uma quadrilha encabeçada pelo ex-secretário de Segurança Pública Rodney Miranda, ele já foi afastado pelo governador e as denúncias estão sendo apuradas. Jorge Caiado não é um qualquer. Ele é ex-agente da Polícia Federal com atuação nas áreas de fronteira, o que fez dele um expert no combate ao crime. Uma lenda viva da PF, já que foi um dos policiais que mais prendeu traficantes de drogas na fronteira com a Bolívia.  Jorge Caiado fez bem em denunciar esse suposto esquema criminoso desmantelado no governo de Ronaldo Caiado, já que é compromisso moral deste o combate à corrupção.  Jorge Caiado só fez a denúncia porque a família Caiado é uma família diferente: fechada, forjada no sofrimento e que se protege uns aos outros. Além da destituição de Rodney Miranda, o governador Caiado exonerou Marcos Cabral da presidência da Companhia de Desenvolvimento do Estado de Goiás, (Codego), em meio a suspeitas de favorecimento em venda de áreas públicas no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) à ETS, empresa de propriedade de Matheus Henrique Aprígio Ramos, filho de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlos Cachoeira, para construção de um shopping center, apesar de o Daia ser destinado apenas à indústrias. Essas exonerações deixam claro que o compromisso do Governador Ronaldo Caiado é de tolerância zero à corrupção, ao contrário do que falaciosamente disse Paulo Beringhs.  E Paulo Beringhs, tenho um recado para você: não adianta espernear! Enquanto Ronaldo Caiado for governador, o crime organizado não atingirá mais o Estado de Goiás.

Silvana Marta  de Paula Silva, Advogada e Jornalista 

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