Por Silvana Marta
No dia 15/03 o governador de Goiás ganhou visibilidade nacional quando abortou, na sede do poder, Praça Cívica, uma manifestação que negava o perigo da Covid19, tendo dispersado a multidão e deixado claro que não admitiria qualquer ataque contra a vida, que para ele, está em primeiro lugar. Médico de formação, Ronaldo Caiado baixou um decreto para a contenção do coronavírus do Estado de Goiás que foi copiado por outros estados da Federação, tornaram-se exemplo no combate ao coronavírus. No início da pandemia, o Estado tinha o maior índice de isolamento social do Brasil, mas as medidas desagradaram os setores do comércio e da indústria liderados pelo bilionário ex-Deputado Sandro Mabel, hoje preside a Federação das Indústrias do Estado de Goiás, e que teve um fim político melancólico em 2017 ao deixar suas funções na Secretaria do Palácio do Planalto, tendo sua decisão transparecido que havia renunciado ao cargo devido seu nome ter sido citado na delação da Odebrecht na Operação Lava Jato e possíveis implicações em novas delações. Questionado, ele negou qualquer motivação neste sentido e alegou cobrança da família. Mas Sandro Mabel deu o seu jeito de não cair no ostracismo e assumiu a presidência da Fieg em 2018, mesmo ano em que Caiado foi eleito governador. Sandro passou para a história por ter sido contrário ao recebimento dos repatriados da China, tendo sido chamado de ‘canalha’, mercenário e desumano pelo Governador. No dia 15/04 o Supremo julgou o questionamento da medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro que concentrava no governo federal decisões sobre o combate à pandemia do novo coronavírus, tendo decidido que estados e municípios têm o poder de estabelecer políticas de saúde, inclusive questões de quarentena e a classificação dos serviços essenciais. Com essa brecha aberta pelo STF, o prefeito de Trindade Jean Darrot assinou logo em seguida, no dia 21/4, um decreto flexibilizando as restrições para funcionamento do comércio, indústria e prestação de serviços em seu município. Ele é presidente do PSDB Estadual, mesmo partido do ex-governador Marconi Perillo, além de empresário multinacional do ramo de confecções. Ontem (11) ele rebateu as críticas feitas pelo governador Caiado relativas ao enfrentamento do coronavírus em seu município, classificando o governador de “Leviano” e “Covarde”, e chegou a fazer uma live dia 10/6 para rebater os posicionamentos. Alinha-se a Jean Darrot o prefeito de Hidrolândia Paulo Rezende, ex-goleiro do São Paulo e do Vila e presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM). Paulinho, como é conhecido, deve estar fazendo coro entre Jean Darrot e Marconi Perillo, pois é do staff político do ex-governador, sabotando os decretos estaduais editados pelo governo do Estado. Ao contrário do que dizem os site de fake news, o governador Ronaldo Caiado segue contrário ao presidente Jair Bolsonaro no que tange às medidas de enfrentamento à Covid19. Prova disso é que a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) tem se manifestado de forma rígida em relação aos decretos municipais que pipocam no estado para a retomada imediata dos trabalhos no comércio e indústrias. Esses decretos municipais estão gerando uma explosão de casos de coronavírus. Em 10 dias, o número passou de 3 mil para 7,4 mil e hoje já são mais de 189 mortes. No Brasil não é diferente. O país registrou nos últimos 7 dias a maior média de óbitos provocados pelo novo coronavírus em todo o mundo, número este motivado pelo negacionismo do governo federal em relação à doença. Com isso, deixa para trás Estados Unidos e Reino Unido, se tornando o primeiro do mundo nas médias diárias por mortes por Covid19. Parece que Sandro Mabel, Jean Darrot, Paulinho Rezende e outros prefeitos que estão promovendo essa onda meramente política pela flexibilização contrárias às medidas do governo estadual, ainda não entenderam que a quarentena é por causa da quantidade de leitos, médicos, enfermeiros, equipamentos e remédios, que não são suficientes para atender a população de uma única vez. Ronaldo Caiado segue com 74% do apoio da população em relação ao enfrentamento à Covid19. E a doença segue fazendo mais de mil vítimas no país todos os dias. A contagem dos mortos virá, e quando vier, tanto o presidente da república quanto os prefeitos que aderiram à flexibilização demonstrando falta de empatia com seus governados pagarão o devido preço pela decisão equivocada que tomaram.
Silvana Marta de Paula Silva, Advogada e Jornalista
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