Goiânia (GO) - Uma jovem de 22 anos denunciou à Polícia Civil que foi vítima de assédio sexual do desembargador aposentado Orloff Neves Rocha, em Goiânia. Segundo relato registrado na corporação, o magistrado deu um tapa no bumbum e beijou o pescoço da moça assim que ela terminou de prestar o serviço para o qual é contratada de empresa terceirizada do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO). O órgão informou, por meio de nota, que “assim que tomou conhecimento abriu procedimento apuratório preliminar visando apurar os fatos na esfera administrativa”. A Associação dos Magistrados de Goiás (Asmego) também se posicionou por meio de nota informando que “defende que as instituições devem observar o devido processo legal” e que “as investigações transcorram de forma ágil, ética e eficiente”. A reportagem não conseguiu localizar o próprio desembargador ou a defesa dele para comentar o caso.
Denúncia
Consta na denúncia feita à Polícia Civil que o assédio aconteceu no último dia 28 de abril, cinco dias antes do desembargador se aposentar voluntariamente. Segundo relato, a jovem foi formatar o notebook do magistrado justamente porque ele iria deixar o cargo e devolver o aparelho. No entanto, ao se despedir, o homem sugeriu que eles saíssem para um barzinho, colocando um cartão com o número dele em um dos bolsos da moça. Também de acordo com a denúncia, o homem abriu os braços querendo abraçá-la e, mesmo relutante e constrangida, a jovem acabou cedendo. Nesta oportunidade, conforme consta no registro policial, o desembargador beijou o pescoço dela e tentou beijá-la na boca, tentando tirar a máscara facial que ela usava. Consta na descrição do incidente que a jovem conseguiu se afastar e, quando ia saindo, o magistrado deu-lhe um tapa no bumbum. O episódio foi registrado na Polícia Civil no mesmo dia, ao fim da tarde. O G1 pediu informações sobre o andamento das investigações à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), mas a corporação informou que o "caso está tramitando em sigilo", por isso não pode passar informações à respeito.
Carreira
Segundo informações do site do TJ-GO, Orloff foi advogado por 15 anos e depois magistrado - de 1985 até a aposentadoria voluntária, publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) na segunda-feira (3/5). O órgão registrou que o desembargador atuou em Piranhas, Caiapônia e Ceres, foi presidente da 1ª Câmara Cível e ouvidor-geral da Justiça de Goiás.
Outras acusações
O nome do magistrado também é citado nas investigações contra o padre Robson de Oliveira. Em conversa com advogados, religioso teria concordado em pagar R$ 1,5 milhão a magistrados para ser beneficiado em um processo envolvendo uma fazenda. O padre negou qualquer irregularidade. O G1 questionou o TJ sobre o andamento deste processo, mas o órgão informou que ele corre em segredo de Justiça, por isso não pode passar informações sobre o caso. Sobre as acusações, à época que surgiram, a Asmego informou que nos áudios não há qualquer participação de desembargadores e que os próprios magistrados pediram a instauração da sindicância para comprovar a inocência. Eles colocaram seus sigilos bancários e telefônicos à disposição. Orloff também é um dos suspeitos de participar de suposto esquema de venda de decisões judiciais para favorecer empresas em processo de recuperação judicial. O caso tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A reportagem entrou em contato com o órgão para saber sobre o andamento do processo e aguarda retorno.
Fontes: G1 Goiás / www.poptvnews.com.br