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Novembro de 2024
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Financiamento

Bolsonaristas mantêm 9 contas bancárias para atos em 7 de setembro

As contas servem para contratar ônibus, comprar faixas e até alugar helicópteros

Foto: EVARISTO SA / AFP
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Bolsonaristas - apoiadores de Jair Bolsonaro - (centro) mantêm ao menos 9 contas para bancar atos antidemocráticos em 7 de setembro

05 setembro, 2021

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantêm pelo menos nove contas bancárias para financiar atos antidemocráticos em 7 de setembro. A maioria delas recebe recursos com chave Pix. Um grupo possui método de arrecadação por bitcoins, com campanha do sobrinho de Bolsonaro, Leo Índio. Outro grupo, o Nas Ruas, possui financiamento por meio do Paypal, que permite obter dinheiro a partir do exterior. Integrantes da Polícia Federal e da PGR (Procuradoria-Geral da República) informaram ao portal UOL que acompanham o financiamento dos atos. Os valores arrecadados não foram revelados pela maioria dos organizadores. As contas usadas para financiar o movimento servem para contratar ônibus e banheiros químicos, comprar faixas, cartazes, instalar uma cozinha comunitária e pagar alimentação e energia. Até helicópteros estão sendo alugados. Na semana passada, a Polícia Federal apreendeu R$ 505 mil com um prefeito do PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito, no aeroporto de Congonhas. Gilmar João Alba, que administra a cidade de Cerro Grande do Sul (RS), disse à revista Veja que o dinheiro não era para financiar os atos de 7 de Setembro. Os agentes ainda investigam a origem dos valores em espécie. No domingo passado, nove dias depois do bloqueio judicial, o grupo ligado ao caminhoneiro bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, divulgou uma conta bancária para viabilizar uma caravana da Bahia. Na terça, abriu mais duas chaves Pix em conta do empresário de Sergio Reis. Trovão promete uma paralisação de caminhoneiros, negada por Wallace "Chorão" Landim, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava). Trovão afirmou ao portal UOL que 1,3 milhão de motoristas vão parar, mas não haverá bloqueios de rodovias. Ele acredita que os motoristas que decidirem rodar não terão clientes para atender no período. "As transportadoras estão comprando a briga pelo Brasil", justificou. O Ministério da Infraestrutura vê com ceticismo a possibilidade de uma greve de caminhoneiros. Segundo uma fonte da pasta ouvida pelo portal UOL, não há adesão ao movimento de Trovão. Para eles, as preocupações do Supremo não possuem lógica. O presidente da Associação Nacional dos Transportes no Brasil, José Roberto Stringasci, é contra o movimento porque o entende apenas como apoio a Bolsonaro mesmo sem o presidente fazer política para baixar o preço dos combustíveis. No entanto, ele acredita que a paralisação vai acontecer mesmo contra a vontade dos motoristas que não quiserem aderir. "O povo é que vai fechar a rodovia", contou ele ao portal UOL. O Movimento Nas Ruas utiliza a ferramenta Paypal, inclusive, para organizar manifestações fora do país. Uma está marcada para acontecer na véspera do feriado, em Boston (EUA). Fundadora do grupo, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) destacou que haverá "brasileiros no exterior também em prol do presidente Bosonaro". O grupo não revela o valor já arrecadado. O porta-voz do Nas Ruas, Tomé Abduch, disse à reportagem que os eventos não são caros. Se a pauta do movimento de Zé Trovão é retirar os ministros do Supremo, o Nas Ruas diz defender "a democracia, a Constituição, a liberdade e as instituições". "Nossa Constituição é bem clara em relação aos Poderes serem harmônicos", diz Abduch ao portal UOL. Nas redes sociais, ele afirmou que os atos são "em apoio à gestão" de Bolsonaro.