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Novembro de 2024
Geral

Mutilação

Artista denuncia que obra de arte de 5 metros de altura foi destruída

Artista havia sido convidada para criar um mural para o Festival Internacional de Lambe-Lambe. Ela instalou o mural às 11 horas da manhã e às 20 horas ele já havia sido destruído

Foto: Arquivo pessoal/ Leonardo Mareco e Clenon Ferreira
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Obra de arte é destruída menos de 12 horas depois de ficar pronta, em Goiânia, Goiás

23 julho, 2022

Uma obra de arte foi destruída em menos de 12 horas depois de ficar pronta, em Goiânia. O mural havia sido produzido pela jornalista e artista Bruna Alcântara, de 33 anos, que é do Paraná e havia sido convidada para ajudar a montar a exposição e criar um mural para o LambesGoia, o festival internacional de lambe-lambe realizado na Vila Cultural Cora Coralina. “Eu achei extremamente simbólico o que fizeram, porque parece uma mutilação. Fiquei triste, admito”, comenta a artista. Ao g1, a organização do festival viu o acontecimento com tristeza e afirmou que o trabalho de Bruna foi colado em uma parede "que tem um longo histórico de pichação, graffitis e outros lambes que sempre duraram por muito tempo". "Destruir o trabalho dela da maneira que foi feito, só mostra como uma parcela da população de Goiânia não tolera, nem por 12 horas, que certos temas sejam abordados", escreveu a organização do evento, em nota. O caso aconteceu na terça-feira (19/7), na Avenida Tocantins. Ela conta que chegou ao local às 11 horas da manhã para instalar a obra e finalizou por volta de meio dia. Às 16 horas, retornou para tirar fotos do local após a secagem da cola, e estava intacta. Já no período da noite, por volta das 20 horas, recebeu a notícia de que um grupo de pessoas teria rasgado seu trabalho. Bruna conta que trabalha com fotografias, bordado e colagem e que esse trabalho em específico é um autorretrato dela amamentando o próprio filho, na cidade de Porto, em Portugal. Segundo ela, essa obra já tem quase 8 anos e foi impressa em uma altura de 5 metros para o festival goiano.

“Após a impressão da imagem em papel, eu bordei uma vulva de maneira simbólica, com delicadeza, falando sobre um assunto também delicado que é a construção social de uma mãe colocada num lugar santificado”, conta Bruna.

No vandalismo, Bruna explica que foram tiradas da parede as partes bordadas que simbolizavam uma vagina. A artista ainda conta que não conhece as pessoas que rasgaram o mural e não chegou a presenciar o ato de vandalismo acontecendo. No entanto, não esconde sua indignação com o acontecimento. "Como não sou da cidade, entendi como um recado bem direto da agressividade machista, como se tivessem me dizendo "aqui não, aqui a gente não aceita uma mãe ser livre". Que tipo de pessoa se incomoda uma mãe amamentando?", questionou Bruna.