Uma obra de arte foi destruída em menos de 12 horas depois de ficar pronta, em Goiânia. O mural havia sido produzido pela jornalista e artista Bruna Alcântara, de 33 anos, que é do Paraná e havia sido convidada para ajudar a montar a exposição e criar um mural para o LambesGoia, o festival internacional de lambe-lambe realizado na Vila Cultural Cora Coralina. “Eu achei extremamente simbólico o que fizeram, porque parece uma mutilação. Fiquei triste, admito”, comenta a artista. Ao g1, a organização do festival viu o acontecimento com tristeza e afirmou que o trabalho de Bruna foi colado em uma parede "que tem um longo histórico de pichação, graffitis e outros lambes que sempre duraram por muito tempo". "Destruir o trabalho dela da maneira que foi feito, só mostra como uma parcela da população de Goiânia não tolera, nem por 12 horas, que certos temas sejam abordados", escreveu a organização do evento, em nota. O caso aconteceu na terça-feira (19/7), na Avenida Tocantins. Ela conta que chegou ao local às 11 horas da manhã para instalar a obra e finalizou por volta de meio dia. Às 16 horas, retornou para tirar fotos do local após a secagem da cola, e estava intacta. Já no período da noite, por volta das 20 horas, recebeu a notícia de que um grupo de pessoas teria rasgado seu trabalho. Bruna conta que trabalha com fotografias, bordado e colagem e que esse trabalho em específico é um autorretrato dela amamentando o próprio filho, na cidade de Porto, em Portugal. Segundo ela, essa obra já tem quase 8 anos e foi impressa em uma altura de 5 metros para o festival goiano.
“Após a impressão da imagem em papel, eu bordei uma vulva de maneira simbólica, com delicadeza, falando sobre um assunto também delicado que é a construção social de uma mãe colocada num lugar santificado”, conta Bruna.
No vandalismo, Bruna explica que foram tiradas da parede as partes bordadas que simbolizavam uma vagina. A artista ainda conta que não conhece as pessoas que rasgaram o mural e não chegou a presenciar o ato de vandalismo acontecendo. No entanto, não esconde sua indignação com o acontecimento. "Como não sou da cidade, entendi como um recado bem direto da agressividade machista, como se tivessem me dizendo "aqui não, aqui a gente não aceita uma mãe ser livre". Que tipo de pessoa se incomoda uma mãe amamentando?", questionou Bruna.