A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu uma Nota Técnica que orienta o governo brasileiro a restringir a entrada de viajantes e voos procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, em decorrência a nova variante do SARS-CoV-2 identificada como B.1.1.529. A efetivação das medidas restritivas ainda depende de uma eventual portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Nesta sexta-feira (26/11), autoridades de diferentes países também optaram por restringir suas fronteiras de forma a impedir a entrada da variante da África do Sul. União Europeia, Reino Unido e Índia estão entre os que anunciam controles de fronteira mais rigorosos enquanto cientistas tentam determinar se a mutação é resistente a vacinas. O Reino Unido proibiu voos da África do Sul e de países vizinhos e pediu que os viajantes britânicos voltando destes locais entrem em quarentena. A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE também pretende deter o tráfego aéreo daquela região.
Preocupação
A variante sul-africana do coronavírus é a que mais apresentou mutações entre todas as variações do vírus até o momento. Em uma entrevista coletiva, o professor Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação, na África do Sul, disse que foram localizadas 50 mutações no total, e mais de 30 na proteína spike - "chave" que o vírus usa para entrar nas células e alvo da maioria das vacinas contra a covid-19. Oliveira, que é brasileiro, disse que a variante carrega uma "constelação incomum de mutações" e é "muito diferente" de outros tipos que já circularam. "Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução [e traz] muitas mais mutações do que esperávamos", disse ele. Até agora, foram confirmados 77 casos na Província de Gauteng, na África do Sul; quatro casos em Botswana; e um em Hong Kong, diretamente relacionado a uma viagem à África do Sul. A Organização Mundial da Saúde (OMS) deve realizar uma reunião em Genebra às 11h locais nesta sexta. Especialistas discurtirão o risco que a variante apresenta e se ela deveria ser designada como uma variante de interesse ou uma variante preocupante, segundo informou o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier. Até agora, quase 100 sequências da variante já foram registradas, e uma análise inicial mostra que ela tem "um número grande de mutações" que demandam mais estudo, segundo Lindmeier.