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Tráfico

Aeronaves adulteradas e voos clandestinos: veja como agiam suspeitos de tráfico de drogas

Até o momento, 16 pessoas foram presas. Segundo a PF, ao todo, foram apreendidos 8 helicópteros, veículos, armas, joias e dinheiro

Foto: Leicilane Tomazini/g1 Goiás
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Helicópteros apreendidos pela Polícia Federal, em Goiânia - Goiás

23 fevereiro, 2024

Uma operação integrada entre a Polícia Federal e a Polícia Civil mostrou detalhes de como uma quadrilha atuava para o tráfico de drogas internacional e interestadual. A investigação apontou que os suspeitos tinham um grupo em aplicativo de mensagem, adulteravam aeronaves e faziam voos clandestinos em baixa altitude para ficar fora dos radares. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados e, por isso, o g1 não localizou a defesa deles até a última atualização desta reportagem.

Até a última a atualização desta reportagem, 16 pessoas foram presas nesta quinta-feira (22/2); veja abaixo:

8 pilotos
2 líderes logísticos
4 responsáveis pelo abastecimento das aeronaves
1 responsável pelo apoio financeiro
1 mecânico de aeronave

Segundo a Polícia Federal, a droga era feita em um laboratório na Bolívia, passava pelo Paraguai, de helicóptero, e ia até uma fazenda de Paraguaçu Paulista, em São Paulo. Depois, por terra, chegava até Goiás. Essa era a chamada “rota caipira”. Desde o início da operação, 8 helicópteros foram apreendidos, sete no Brasil e um na Bolívia, segundo a PF. Também foram apreendidos veículos, armas, drogas, joias, dinheiro e peças de aeronaves. A polícia encontrou ainda bloqueadores de sinal. Conforme a polícia, o grupo criminoso escolhia Goiás por ser um dos estados de maior polo de manutenção de aeronaves do país, com isso há uma extensa mão de obra de mecênicos, além de grande formação de pilotos. A investigação começou após a ocorrência de desaparecimento de uma pessoa em Paraguaçu Paulista, em São Paulo, no dia 4 de abril do ano passado, e um registro de furto de um veículo encontrado incendiado. A investigação apontou que o crime estaria ligado ao roubo de 250 kg de cocaína.

Como agiam
A investigação inicial foi conduzida pela Delegacia de Entorpecentes de Presidente Prudente, em São Paulo. Depois, a operação integrou a Polícia Federal e a Polícia Civil de Goiás. O delegado da Policia Federal (PF) Bruno Gama  contou que uma das fases iniciais da investigação resultou na apreensão de drogas em Anicuns (GO) em 2023. O entorpecente chegou ao município por helicópteros com os prefixos adulterados, para não aparecer nos radares. "O grupo não conseguia fazer um voo da Bolívia direto para o destino final porque a autonomia dessas aeronaves clandestinas não era tão grande. Por isso, eles precisavam pousar no interior de São Paulo", disse Bruno. Segundo o delegado da PC Edmar Rogério Caparroz, os suspeitos, em São Paulo, faziam o reabastecimento dos caminhões para o distribuir a droga aos principais centros do país. As aeronaves ficavam em galpões na área rural do interior paulista.

Apreensões

As investigações da PF começaram em agosto de 2023, quando dois helicópteros foram apreendidos em uma fazenda de Anicuns. A aeronave era adaptada para ser abastecida durante o voo. Durante a ação, foram encontrados cerca de 400 kg de cocaína. O piloto da aeronave, que era filho do dono da fazenda, foi preso. “Como a droga é oriunda do Paraguai, há um grande deslocamento. Para poder deslocar grandes distâncias, esses traficantes estão abastecendo a aeronave durante o voo. Ou seja, além de transportar a droga durante o trajeto, no interior da aeronave, também transporta galões de combustível para que possibilite o abastecimento interno durante o voo”, afirmou o delegado Bruno Gama. Em outubro, outro helicóptero, avaliado em R$ 10 milhões, também foi apreendido. No início do fevereiro, dois helicópteros foram apreendidos durante operação contra o tráfico internacional de drogas. A operação também investigava a manutenção e construção clandestina de aeronaves.