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5G: tudo o que se sabe sobre a próxima tecnologia de conexão móvel

Tire todas as suas principais dúvidas sobre a rede 5G, que já funciona em países como os Estados Unidos e Coreia do Sul

Foto: Divulgação
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Inatel desenvolveu uma tecnologia nacional de 5G e quer conectar áreas que ainda não tem acesso à internet

02 janeiro, 2020

 Já presente nos Estados Unidos e na Coreia do Sul, a tecnologia de quinta geração de conexão móvel (5G) ainda está um pouco longe do Brasil, mas já merece atenção: além de trazer conexão de rede mais rápida que a atual, a tecnologia permitirá o funcionamento de tendências como carros autônomos e internet das coisas.  Aqui no Brasil, ainda não há previsão exata para que o 5G seja explorado em escala comercial – no início deste ano, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmou que pretende realizar até março de 2020 o leilão das frequências para o 5G para operadoras de telecomunicações. Mas o que é exatamente o 5G? Quais avanços a rede possibilita? E se ela realmente é segura? É o que o Link te explica neste texto. 

O que é a rede 5G?
O 5G é a próxima geração de rede de internet móvel, que promete aos usuários uma cobertura mais ampla e eficiente, velocidade de upload e download de dados mais rápida, até 10 vezes superior ao 4G, e número maior de dispositivos acessando a internet ao mesmo tempo. Outra novidade é uma latência menor – uma espécie de “tempo de reação” das telecomunicações. Graças a ela, será possível que carros autônomos, por exemplo, consigam reagir a mudanças no trânsito em tempo hábil de evitar acidentes.  Outra proposta da rede é trazer a estrutura necessária para que a Internet das Coisas (IoT) seja uma realidade, com milhares de objetos conectando-se entre eles, sem humanos para dar os comandos. Alguns exemplos disso são uma máquina de refrigerante que verifica e faz reposição quando o produto acaba ou um sistema inteligente que prevê quando a pessoa está levantando da cama e começa a preparar o café. 

Qual é a velocidade do 5G?
É estimado que a tecnologia 5G, em seu potencial máximo, seja capaz de atingir velocidade de download de 10 gigabits por segundo (Gbps). Atualmente, a rede 4G consegue chegar a 1 Gbps. Mas o que isso significa na prática? Segundo uma simulação do jornal americano The Wall Street Journal, para baixar uma playlist de uma hora do Spotify no 4G demora-se em torno de 20 segundos, enquanto no 5G esse tempo cai para 0,6 segundos. Já a latência, que é o tempo de resposta a partir do instante que o usuário faz uma solicitação na rede e ela responde, será menor. A meta é atingir a latência de 1 milissegundo, que será importante para a comunicação de carros autônomos e para a realização de cirurgias a distância, por exemplo.    

O que o 5G possibilitará?
Além de oferecer navegação em alta velocidade na rede, com games carregando mais rápidos no celular ou vídeos sendo baixados quase que instantaneamente, o “5G será um suporte para a Internet das Coisas”, afirma Antônio Carlos Gianoto, professor do departamento de Engenharia Elétrica do Centro Universitário FEI.  Por conta dos diversos dispositivos conectados será possível ver grandes inovações ao longo dos próximos anos: serviços para monitorar a saúde, com médicos analisando o paciente via celular em tempo real; automatização de processos no agronegócio; drones com missões de salvamento; carros autônomos comunicando-se com sistemas de gerenciamento de tráfego; e até projeções holográficas.   “Na projeção holográfica é como se a pessoa estivesse na sua frente. Hoje, você faz uma videochamada em Skype, mas tem uma tela. Com um sistema mais sofisticado, você pode usar uma projeção holográfica. Isso não vai acontecer agora, mas faz parte do portfólio do que a rede 5G pode facilitar”, explica Gianoto. A rede móvel não estará disponível somente para smartphones, mas também para casas, hospitais, veículos, entre outros. 

Quando o 5G estará disponível no Brasil?
Ainda não há data para início da implementação da rede 5G no Brasil, mas algumas operadoras já começaram a realizar testes com a tecnologia no país. Além disso, a Anatel confirmou no início deste ano que pretende realizar até março de 2020 o leilão das frequências para o 5G para operadoras de telecomunicações. Porém, não está claro se o leilão terá caráter arrecadatório, ou seja, visando a obtenção de recursos para o governo, ou se o principal objetivo será o avanço da infraestrutura para instalar a tecnologia no país.  Segundo previsão da GSMA, associação que representa os interesses das operadoras móveis em todo o mundo, o 5G só deve ganhar força no Brasil a partir de 2023.

Em quais países a rede 5G já está funcionando?
Atualmente, o 5G já é oferecido nos Estados Unidos e na Coreia do Sul por algumas operadoras em regiões selecionadas. Em abril deste ano, o Uruguai também ganhou a primeira rede 5G comercial na América Latina. A China é outro país que pretende ativar a rede para usuários até o fim de 2019. De acordo com a associação 5G Americas, mais de 30 países já estão na fase de implantações comerciais da rede móvel. 

Com a chegada do 5G, as redes 3G e 4G continuarão funcionando?
Conforme o professor Antônio Carlos Gianoto, mesmo com a implantação do 5G, as redes 3G e 4G permanecerão. “Não é possível privar nem obrigar as pessoas a trocarem a tecnologia imediatamente. Para se ter uma ideia, nós temos ainda o 2G na planta. Ele conecta pouco, mas existe. Também não dá para instalar toda a infraestrutura do 5G da noite para o dia e em todos os locais. Por isso, teremos um bom tempo pela frente com a coexistência do 3G e do 4G”, esclarece. 

A rede 5G é segura?
Com os frequentes ataques de hackers a celulares e outros dispositivos, a segurança da rede e a privacidade de dados são pontos importantes para verificar no 5G.  Para Gianoto, não é possível afirmar que a rede 5G é totalmente segura. “Nenhuma rede é. Mas, com certeza, virá com mais medidas de segurança, os algoritmos estão cada vez mais densos e complexos, existem preocupações maiores com isso.” 

Vou precisar comprar um celular novo para usar o 5G?
Sim, o 5G não funcionará em telefones antigos. Será preciso adquirir um aparelho novo, que provavelmente será lançado só depois que a tecnologia for implantada por completo no país a fim de evitar possíveis instabilidades. Em 2019, começaram a chegar ao mercado global alguns aparelhos com 5G – como uma versão especial do Galaxy S10, da Samsung. Ele está disponível, porém, apenas em países que já tem esse tipo de rede disponível comercialmente. 

O 5G vai funcionar em áreas rurais?
Embora esteja pensando na implantação da rede 5G, o Brasil ainda enfrenta problemas com o 4G tanto em velocidade como em disponibilidade. Segundo levantamento recente da OpenSignal, empresa especializada em análise de conectividade de operadoras de internet, os usuários da rede 4G residentes em cidades urbanas contam, em média, com 75% de disponibilidade e sinal, contra 41% em áreas rurais. E a chegada do 5G não resolverá esse problema de imediato. É possível que, no início, a tecnologia esteja mais presente em grandes centros urbanos, como ocorre nos Estados Unidos. Mas o professor da FEI afirma que a rede funcionará em áreas rurais. “O leilão de frequências coloca essa possibilidade. Acredito que no plano de metas da Anatel seja colocado como uma obrigatoriedade oferecer o serviço em várias áreas”, fala. 

As antenas parabólicas residenciais podem atrasar o 5G brasileiro?
Não. Apesar de a Anatel ter comprovado que o sinal da rede 5G interfere no sinal da TV aberta captado pelas antenas parabólicas residências, o professor Gianoto diz que “o problema é contornável, em termos técnicos”. Para resolver a interferência, as operadoras de telefonia até já sugeriram a instalação de um filtro nas antenas e a mudança de um equipamento que fica no centro delas, chamado de LNBF (Low Noise Block FeedHorn)

Fonte: Por Marcela Coelho, especial para  O Estado de S. Paulo