A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (2/8) que a ligação entre ela e o hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Neto, serve para atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A PF prendeu Delgatti e fez buscas pela manhã em quatro endereços da deputada, incluindo o gabinete oficial, no âmbito da Operação 3FA. Zambelli disse que foram apreendidos o seu passaporte dois celulares e um HD. Segundo a deputada, “estão tentando envolver o Bolsonaro através de mim”.Ela é suspeita de ter pedido ao hacker que tentasse fraudar as urnas e invadir o email do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O pedido teria ocorrido em setembro de 2022, durante encontro na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. O hacker não conseguiu cumprir nenhuma das missões. Ele apenas falsificou um mandado de prisão contra Moraes no sistema do CNJ, motivo para a operação desta quarta. Moraes autorizou a operação com base em evidências de pagamentos feitos pelo gabinete de Zambelli ao próprio Delgatti. Na coletiva deste final de manhã, Zambelli afirmou que apenas realizou um pagamento de 3.000 reais no mês de novembro, depois das eleições, para que ele fizesse uma “ligação das redes sociais minhas com o meu site”. A PF ainda não divulgou o valor dos repasses. A deputada reconheceu na coletiva que se encontrou com o hacker pelo menos “duas vezes ou três no máximo”, incluindo reuniões em Brasília. A deputada afirmou ter financiado a visita dele à capital. Segundo ela, Delgatti teria oferecido serviço de auditoria das urnas. O hacker chegou a se encontrar com Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada e com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido. A deputada alegou ter aconselhado Valdemar a não contratá-lo por não saber o “espectro ideológico” dele. A ausência de figuras importantes do PL na coletiva de Zambelli indica que o partido realmente não deva fazer nenhum esforço para protegê-la de uma eventual cassação de mandato, como informou o G1 pela manhã. Além do medo de uma eventual delação de Delgatti, o PL considera que a deputada perdeu crédito ao longo do ano passado, em especial com a perseguição a mão armada a um crítico na véspera do segundo turno das eleições presidenciais. Ela é alvo de inquérito no STF pela perseguição. O julgamento que pode torná-la ré no caso está marcado para o plenário virtual entre 11 e 21 de agosto.
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