Segunda-feira, 25 de
Novembro de 2024
Estado

Ameaça

Queimadas na região do Jalapão ameaçam colheita do capim dourado e fonte de renda de artesãs

A arte é a única renda de várias famílias e muitas mulheres temem que focos destruam toda a plantação

Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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Comunidades do Jalapão tem como subsistência a coleta e confecção de artesanatos com o capim dourado

22 setembro, 2020

Palmas (TO) - O mês de setembro é o período em que é feita a colheita do capim dourado, matéria prima usada por artesãs que vivem em comunidades quilombolas do Jalapão, área turística do Tocantins. Mas as queimadas na região estão ameaçando o trabalho e a fonte de renda de artesãs que sustentam a família com a venda dos produtos.  As peças feitas com capim dourado são conhecidas até fora do Brasil. A arte, que é passada de geração em geração há aproximadamente 100 anos, é a única renda para várias famílias e muitas estão preocupadas. Segundo Núbia Matos, artesã do quilombo Mumbuca, o fogo já começou a consumir parte dos campos. "Hoje é o dia 21 de setembro, onde as famílias estão no campo colhendo o capim dourado, mas estamos nos deparando com a triste situação de chegar no campo e não encontrar o capim dourado, encontrar o campo, as veredas queimadas", disse. Equipes de brigadistas estão no Parque Estadual do Jalapão para tentar controlar os incêndios. O trabalho é braçal. Na região do Parque Estadual do Cantão choveu neste fim de semana, mas não foi suficiente para controlar as chamas. Equipes do Exército continuam ajudando no combate da queimada, que já dura 10 dias. O Tocantins continua em alerta para as queimadas e para a Defesa Civil, a situação deve piorar ainda mais. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só no mês de setembro o estado registrou 40% de todos os focos de incêndios até agora. "Aqui no estado ainda tem aquela ideia do uso do fogo pra uma limpeza diária, o uso do fogo pra uma renovação de pastagem. E isso ocorre em setembro porque está próximo da temporada de chuva. Então por isso que acaba aumentando a quantidade de queimadas nessa época" , disse Erisvaldo Alves, que é tenente-coronel da Defesa Civil. Entre julho e novembro é proibido usar fogo para limpeza e manejo de áreas rurais no Tocantins, mas muitas pessoas desobedecem e os focos acabam se espalhando. O geólogo Bruno Machado Carneiro explica um dos flagrantes feitos por equipes de combate no campo. "Nós estamos numa propriedade onde o trator ele vai passando cuspindo o fogo e ele vai fazendo então, uma linha de fogo pra queimar a palhada. Isso é o manejo inadequado do solo, principalmente num momento do qual nos estamos passando agora, de estiagem, uma seca muito grande" 
Em Pequizeiro, na região norte do Tocantins, uma grande queimada só foi controlada após mais de 100 propriedades serem atingidas e sofrerem os prejuízos do fogo. "É torcer pra chover, pra que deus possa abençoar, pra que o capim volte de novo", disse o produtor rural Roberto Soares.

Fontes: G1 Tocantins / www.poptvnews.com.br