A pandemia no Tocantins completa dois anos nesta sexta-feira (18/3). São mais de 700 dias desde que o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no estado. Neste período 301.424 pessoas foram infectadas e 4.136 morreram. As mortes causaram dor a milhares de famílias nos 139 municípios do Tocantins. Crianças e adolescentes ficaram órfãos, pais perderam os filhos, aldeias indígenas e comunidades quilombolas se despediram de lideranças. Apesar das despedidas, pessoas que não resistiram à doença continuam sendo lembradas. Fátima Barros, líder da Comunidade Quilombola da Ilha de São Vicente, em Araguatins, está entre as vítimas. A pedagoda de 48 anos que foi a primeira da família a entrar em uma faculdade morreu uma semana após perder o irmão para a doença. Os dois passaram dias lutando contra o vírus. A educadora era conhecida nacionamente pela atuação em defesa de comunidades quilombola, principalmente da Ilha de São Vicente. Para homenageá-la, uma placa com o nome de Fátima Barros foi instalada em uma das ruas da Universidade Federal do Tocantins (UFT) câmpus Porto Nacional. A iniciativa foi do Observatório Feminista da UFT. "Rua Fátima Barros - Quilombola, educadora social, militante da ANQ (Articulação Nacional de Quilombo), teve a vida interrompida pela ausência de política sanitária eficaz contra a pandemia da Covid-19 no Brasil no dia 06 de abril de 2021", informa a placa. Cantídio Barros, irmão de Fátima, diz que mesmo com a saudade, as famílias continuam vivendo e crescendo no território que conseguiram após a Justiça entender que a terra foi entregue em 1888 durante a abolição da escravatura. "Passamos por muitas tristezas, muitas perdas, mas a gente continua. Estamos na luta e sincronizados com o mesmo pensamento de vitória dela. As pessoas que partiram fazem muita falta, não deixamos de lembrar mas eles queriam que a gente continuasse e é o que a gente está fazendo. Nosso território continua mesmo sentindo a falta das pessoas que partiram", disse. A primeira vítima da Covid-19 do Tocantins também foi homenageada no Tocantins. A funcionária da Secretaria Municipal de Saúde de Palmas, Francisca Romana Sousa Chaves tinha 47 anos quando morreu na UTI de um hospital particular. Meses depois uma policlínica da Arno 31, antiga 303 Norte recebeu o nome da servidora. Desde agosto de 2020 o Centro de Atenção Especializada Francisca Romana Chaves atende a população da região central e norte de Palmas. No local os pacientes podem marcar consultas de ginecologia, pediatria, neurologia adulto e infantil, fisioterapia de reabilitação, entre outros. Na época da inauguração a prefeita de Palmas Cinthia Ribeiro (PSDB) e a então secretária municipal de saúde, Valéria Paranaguá, estiveram no local. Em março de 2021 a secretária também morreu em decorrência do coronavírus. Parentes que ainda sofrem com as mortes fizerem homenagens ao receberem doses da vacina. Em julho de 2021 Reijane Rodrigues, de 39 anos chorou enquanto carregava fotos da mãe e dos irmãos que morreram de Covid. Em Cariri do Tocantins moradores usaram lenços brancos em homenagem ao contador Odair Borges de Amorim morto por coronavírus.
Números da pandemia
Em dois anos a pandemia atingiu pessoas de todas as idades, gêneros e classes sociais no Tocantins. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a maioria dos infectados no estado tem entre 30 e 39 anos, porém as mortes são mais frequentes em idosos. Dos 1.735 óbitos, 2.860 pessoas tinham mais de 60 anos. As mulheres foram maioria entre os diagnósticos no Tocantins. Foram 164.735 (54,65%). Apesar disso, os homens morrem mais pela doença. Segundo a secretaria, 1.515 mortos eram do sexo masculino (56,61%)