Sábado, 30 de
Novembro de 2024
Estado

Corrupção

Médico suspeito de cobrar para furar fila de cirurgias no HGP tem salário de mais de R$ 30 mil

Jorge Magalhães Seixas seria o responsável por atrair os pacientes e intermediar as cobranças. Grupo foi alvo de operação do Gaeco e da Polícia Civil

Foto: Reprodução
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Médico Jorge Seixas é um dos presos na operação

16 março, 2022

Um dos médicos presos na operação contra um esquema de 'fura-fila' no Hospital Geral de Palmas tem um salário mensal que passa dos R$ 30 mil. De acordo com o 'Portal da Transparência', Jorge Magalhães Seixas teve um rendimento bruto de R$ 34.606,80. Em dezembro, quando recebeu valores atrasados de outros meses o valor bruto passou de R$ 40 mil. A defesa dele foi procurada, mas ainda não respondeu aos questionamentos. Como existe a redução legal obrigatória do salário para quem recebe acima do teto constitucional e também os descontos normais em folha, o salário líquido dele acaba sendo bem menor. De acordo com as investigações do Ministério Público, o médico seria o responsável por atrair os pacientes e intermediar as cobranças para que os 'clientes' fossem passados para a frente da fila por cirurgias. O valor podia chegar a R$ 3 mil por procedimento. Conversas interceptadas entre os presos na operação revelam como o grupo atuava. A suspeita é de que a fraude no maior hospital público do Tocantins existe há pelo menos dois anos. Na transcrição feita pelo Ministério Público, em uma das ligações, o médico Jorge Magalhães Seixas diz para um paciente que outro médico cobrará R$ 2 mil por uma cirurgia. O paciente diz que vai fazer e recebe a resposta, dizendo que o médico "é tranquilo", porque trabalha no HGP, mas que ele "quer um negocinho", porque não vai ficar com ninguém na frente. Além de Jorge Seixas, outros três homens foram presos, prestaram depoimento e foram encaminhados para a Casa de Prisão Provisória de Palmas.

  • Augusto Ulhoa Florencio de Morais
  • Idael Aires Tavares
  • Railon Rodrigues da Silva

O prazo da prisão é de cinco dias. Dos três, o único que também é servidor do Governo do Tocantins é Railon Rodrigues da Silva. Ele é concursado com um salário bruto de R$ 6.057,82 (Janeiro/2022) e tem ainda um contrato temporário com o Estado com salário bruto de R$ 4.231,25 (também para o mês de janeiro). A defesa de Railon Rodrigues da Silva disse que ele prestou colaboração integral, com muita tranquilidade e serenidade, e espera que tudo seja esclarecido muito em breve. Disse ainda que ele não teve acesso integral aos autos, que encontram-se em sigilo, e quando tiver vai se posicionar. Já o advogado de Augusto Ulhoa disse que ele já prestou todos os esclarecimentos aos Promotores de Justiça que estão investigando o caso, respondendo todas as perguntas e renunciando ao sigilo telefônico, bancário, fiscal e financeiro para comprovar que não tem qualquer envolvimento com os crimes que estão sendo apurados. Disse também que ele não conhece os demais investigados, tendo relação estritamente profissional apenas com um deles. O g1 ainda não conseguiu localizar a defesa de Idael Aires Tavares.

A operação
A investigação é do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins, com apoio da Polícia Civil. A operação foi autorizada pelo juiz Luiz Zilmar dos Santos Pires, da 2ª Vara Criminal de Palmas. Quatro pessoas foram presas e cinco endereços foram alvo de buscas. Atualmente, somente o HGP tem 2.286 pessoas à espera de uma cirurgia. A fila em todo estado tem mais de 4,5 mil pacientes. O esquema foi revelado após a análise de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Foram feitas buscas em endereços ligados aos quatro suspeitos nas cidades de Palmas, Ponte Alta do Tocantins e Uruaçu (GO). O setor administrativo do Hospital Geral de Palmas, onde as cirurgias teriam sido realizadas, também foi alvo da operação.