Sábado, 30 de
Novembro de 2024
Estado

Corrupção

Interceptações revelam funcionamento do suposto esquema de cobrança por cirurgias no HGP

Suspeitos de integrar o grupo foram alvo de operação na semana passada

Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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Áudios revelam como funcionava o suposto esquema

23 março, 2022

Interceptações telefônicas feitas pelo Ministério Público, com autorização judicial, nas investigações sobre a suposta cobrança por cirurgias dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP) revelam detalhes de como funcionava o esquema. Suspeitos de envolvimento no caso foram alvo de uma operação na última semana. Em um dos áudios o médico Jorge Seixas explica a uma pessoa sobre os valores para furar fila de cirurgias. "Pra mandar os exames que ele vai ver, se agasalha com esse mesmo grupo lá no HGP por três mil. Aí ele vai lá e auxilia, mas precisa dos exames... aí é tres mil, o que ele disse... porque por fora assim não dá para pagar não rapaz, só se o cara tiver muito dinheiro. Agora, da vesícula ele falou, 2,5 mil no dia que cê quiser..." O interlocutor responde: "Não o cara já falou. Vai arrumar o dinheiro, pra fazer depois esperar essa pandemia passar". Em outro trecho, Seixas sugere que os médicos residentes recebam dinheiro pelas cirurgias do SUS, realizadas no HGP. "Quem opera lá é os residentes, além dos caras aprender ainda ganha um dinheirinho". Em dois anos de investigação, o MP identificou a realizização de pelo menos 15 procedimentos pagos, envolvendo o grupo. Os promotores acreditam que o numero pode ser maior e agora aprofundam as investigações, que podem afetar políticos do estado que indicam pacientes. Conforme uma lei federal, é proibida a cobrança de qualquer valor para atendimentos no sistema único de saúde. Nenhum profissional, médico ou não, tem autorização para negociar, receber ou estabelecer cobranças. O secretário estadual de saúde, afirma que desconhecia o esquema e já abriu investigação. As quatro pessoas presas na última semana e vão responder em liberdade. O Tocantins tem mais de 4,2 mil pacientes na fila de cirurgias.

O que dizem os citados
A defesa de Railon Rodrigues da Silva disse que ele prestou colaboração integral e espera que tudo seja esclarecido o mais rapidamente possível. A defesa de Jorge Magalhães Seixas disse que o médico há três anos não trabalha no Hospital Geral de Palmas e que, durante a pandemia, por ter sessenta anos, foi afastado e, atualmente está no Igeprev. Disse ainda que o médico não é cirurgião e sim, clínico geral. O secretário da saúde do Tocantins Afonso Piva de Santana disse que sabia do esquema de corrupção no Hospital Geral de Palmas (HGP)  e que já instaurou um processo administrativo para apurar as possíveis participações de funcionários no esquema de corrupção.