Quarta-feira, 27 de
Novembro de 2024
Estado

Alterações de aeronaves

Grupo adulterava aviões furtados e danificados, tinha hangar clandestino e aliciava pilotos para tráfico de drogas, diz polícia

Dois suspeitos estão presos. Delegado informou que eles usavam hangares regulares e um galpão clandestino para esconder aeronaves. Ao todo, 11 foram apreendidas

Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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Avião apreendido em operação da Polícia Civil, em Anápolis

19 janeiro, 2021

Anápoplis (GO) - A Polícia Civil informou na segunda-feira (18/1) que alguns dos aviões apreendidos durante operação de combate ao tráfico de drogas eram furtados, danificados ou carcaças de aeronaves internacionais que eram adulteradas. O grupo, que também aliciaria pilotos inexperientes para fazer o transporte, é suspeito de adulterar o prefixo de identificação para que elas parecessem legalizadas. Duas pessoas estão presas. As investigações começaram após o desaparecimento de três pilotos da cidade, em 2018. Segundo a polícia, eles faziam parte da organização criminosa de tráfico de drogas e a principal suspeita é que tenham morrido em acidentes aéreos. A operação aconteceu em Anápolis, a 55 km de Goiânia. De acordo com a Polícia Civil, uma organização criminosa usava hangares legalizados e um galpão clandestino para guardar as aeronaves. Nos locais foram apreendidos 11 aviões. “Eles pegam aviões furtados, aeronaves  que sofreram algum tipo de acidente ou até mesmo aviões importados. A gente encontrou carcaças de aeronaves com prefixo dos Estados Unidos. Eles importam como peças de aeronaves, mas, na verdade, é uma aeronave desmontada. Chegando aqui, eles remontam, utilizam peças de outras aeronaves, fazem um Frankenstein, colocam um prefixo nacional e começam a voar como se fossem legalizadas”, disse o delegado Thiago Martimiano. No galpão clandestino foram encontradas quatro aeronaves. Outras sete estavam em hangares legalizados no aeroporto de Anápolis. A polícia acredita que todas eram usadas para o tráfico. Uma perícia vai identificar se todos os aviões apreendidos tinham origem irregular. Os dois suspeitos presos não tiveram a identidade divulgada e, por isso, o G1 não conseguiu localizar a defesa dos investigados. Um deles é um mecânico de aeronave que seria o dono do galpão clandestino onde foram apreendidas quatro aeronaves que estavam sendo adulteradas. O outro é um piloto que, segundo a polícia, é responsável por intermediar a compra das aeronaves e peças usadas no tráfico de drogas. O delegado informou que o grupo agia há cerca de cinco anos. A droga sairia da Bolívia, chegaria em Goiás e, em seguida, distribuída para todo o Brasil, principalmente para o Nordeste. Para fazer o tráfico, o grupo aliciava pilotos com pouca experiência. Um dos locais onde a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão foi a empresa Centro-Oeste Manutenção de Aeronaves (CMA). O local funciona de maneira regular, mas algumas das aeronaves suspeitas de serem usadas para o tráfico estavam guardadas nesse hangar. Os nomes das demais empresas não foram divulgados. Agora, a polícia tenta identificar os demais envolvidos na organização. Os donos dos hangares foram ouvidos pela polícia. O delegado não informou se eles sabiam das atividades criminosas e nem se serão investigados. Em nota a CMA informou que é uma empresa regular e homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) há mais de 13 anos. A companhia informou ainda que presta serviço tanto para a iniciativa privada quanto para o setor público, como o Corpo de Bombeiros de Goiás. A empresa afirma ainda que no hangar da empresa foram apreendidas três aeronaves, sendo duas de clientes, cobertas por ordens de serviços de manutenção e contrato de hangaragem e uma aeronave recentemente adquirida por um sócio da empresa, em outubro de 2020. Esta última está em manutenção desde sua chegada, impossibilitada de realizar qualquer voo ou deslocamento.