Goiás encerrou o ano de 2023 com melhora significativa do diagnóstico para tuberculose, ao somar 10,4 mil testes. A detecção da doença foi ampliada ao longo do ano por meio do Teste Rápido para Tuberculose (TRM-TB) realizado pelo Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO), que analisa amostras enviadas por 243 municípios. O diagnóstico também é feito no Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) e pelas prefeituras de Goiânia, Rio Verde e Aparecida de Goiânia, que recebem insumos do Lacen-GO. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) também oferece às secretarias municipais de saúde os kits necessários para a realização do teste rápido para detectar tuberculose na urina de pacientes que vivem com HIV. Até o momento já foram realizados 10.463 testes moleculares para detecção da doença no Estado em 2023. Desse total, 4.541 amostras foram analisadas no Lacen-GO, 4.577 nos três municípios que realizam produção própria e 1.345 no HDT. Os registros apontam aumento no número de casos em Goiás, principalmente por causa da retomada das ações pós-pandemia de Covid-19, quando houve redução dos diagnósticos da doença. Nos anos de 2020, 2021 e 2022 foram registrados, respectivamente, 934, 981 e 1.079 novos casos de tuberculose. Apesar disso, o Estado ainda concentra os menores coeficientes de incidência entre as demais unidades da Federação. Até o momento, foram confirmados 1.012 casos da doença em 2023.
Desafio
Os avanços foram apresentados durante a Reunião de Monitoramento das Ações do Programa de Controle da Tuberculose, da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), que contou com participação de representantes das 18 regionais de saúde. A tuberculose ainda representa um grande desafio a ser enfrentado. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o primeiro das Américas em número de casos, reunindo 33,4% dos registros notificados e compondo o grupo dos 20 países com maior número de casos no mundo. “São indicadores que vão nortear o que precisa ser feito daqui para frente. E a grande preocupação nossa, é claro, é melhorar, fazer com que o serviço esteja mais acessível para essa população com tuberculose, que é muito vulnerável, para que tenhamos políticas públicas que cheguem até essas pessoas, melhorando a detecção, o diagnóstico, e também diminuindo a taxa de abandono”, apontou a superintendente de Vigilância em Saúde em substituição, Cristina Laval.
Gargalo
De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Controle da Tuberculose e Microbactérias não Tuberculosos da SES, Emílio Alves Miranda, o principal gargalo ainda é a descontinuidade do tratamento pelos pacientes. “Dados preliminares mostram que nós curamos, até o momento, apenas 60% dos casos novos. Infelizmente, o tratamento ainda dura no mínimo seis meses. Então o paciente geralmente desiste durante esse período, porque ele tem melhora e acha que já está curado.” Ainda segundo o coordenador, a expansão do tratamento preventivo da tuberculose em pessoas infectadas e não doentes, para evitar o adoecimento, é outro desafio a ser superado nos próximos anos. A tuberculose é uma doença causada por meio de um bacilo que afeta principalmente os pulmões. Quando não diagnosticada nem tratada precocemente, pode gerar complicações, infecção generalizada (sépsis) e risco de morte. A transmissão ocorre pelas vias aéreas superiores (ao tossir, falar ou espirrar), por pessoas doentes e que não estão em tratamento. Apesar da gravidade, a tuberculose tem cura e é tratada gratuitamente nas unidades de atenção à saúde, com a distribuição dos medicamentos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina BCG, indicada para crianças até 5 anos, também permite a prevenção de formas graves da doença, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar.