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Dia Nacional de Luta contra Violência à Mulher: entenda o ciclo de violência que pode levar ao feminicídio

Com o tempo, os intervalos entre as três fases do ciclo da violência doméstica ficam menores, repetitivos e se agravam é preciso entender esse ciclo e observar sinais no relacionamento afetivos

Crédito imagem: Naab Thalys / Governo do Tocantins
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Com o tempo, os intervalos entre as três fases do ciclo da violência doméstica ficam menores, repetitivos e se agravam

10 outubro, 2020

Por Lauane dos Santos

Palmas (TO) - A cada quatro minutos uma mulher sofre algum tipo de violência por pelo menos um homem segundo o Ministério da Saúde, o que pode causar lesões físicas, psicológicas ou até a morte. No ambiente doméstico, essas violências têm diversas facetas e obedecem a um ciclo que se repete constantemente e, por isso, em alusão ao Dia Nacional de Luta contra Violência à Mulher lembrado em 10 de outubro, a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) reforça a necessidade de identificar e interromper esse ciclo logo no início. O balanço anual de 2019 da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) revelou que mais de 48 mil mulheres de diversas faixas etárias sofreram algum tipo de violência. Já a tentativa de feminicídio respondeu por 7.727 das denúncias pelo mesmo canal. Diante desses dados alarmantes e crescentes, é importante identificar, entender e encerrar o ciclo de violências, um grande fator de risco para o feminicídio. Além disso, é necessário reforçar a denúncia como um dever de todos, assegurando às vítimas acolhimento e segurança. A gerente de Políticas e Proteção às Mulheres da Seciju, Flávia Laís Munhoz, destaca que “violências geram efeitos psicológicos e físicos muitas vezes irreversíveis. O isolamento, a perda do trabalho e a interferência na capacidade de cuidar de si e dos filhos são algumas consequências que acometem mulheres em situação de violência doméstica. Por isso a necessidade de trabalhar incessantemente a prevenção e a interrupção desse ciclo de violência com informação, acolhimento e com a denúncia”, reforçou a gerente.

Vítima de violência

Chamada de “burra”, sem autonomia financeira, afastada dos amigos e familiares e vivendo entre gritos e humilhações, S.R.S, de 42 anos, viveu quatro anos sob brigas, agressões psicológicas e morais e de manipulação financeira, tudo disfarçado de proteção, de cuidado e de amor pelo companheiro.  “Ás vezes eu pensava em me separar dele porque muitas pessoas falavam que ele estava só se aproveitando de mim, mas às vezes não queria porque ele vivia dizendo que me amava e que ia cuidar de mim e que não ia deixar nada de ruim acontecer comigo e pensava que ele só fazia isso quando estava com raiva, que era uma coisa de momento”, confidenciou. Ela relatou ainda que só conseguiu entender que era uma relação abusiva quando começou a ver mulheres falando na televisão sobre seus relacionamentos e começou a perceber que se encaixava nas agressões psicológicas. 

O Ciclo de Violência Doméstica

O Instituto Maria da Penha apresenta o ciclo no qual a violência doméstica acontece repetidamente. Saiba como identificá-lo e como ajudar mulheres a interrompê-lo.

Fase 1 – aumento da tensão: É quando o agressor mostra-se tenso e chega a ter acessos de raiva por motivos insignificantes. É nessa fase quando ocorrem humilhações, destruição de objetos e até ameaças à vítima. Diante da situação,a vítima tende a negar e a esconder os fatos para outras pessoas e, muitas vezes, se culpar pelo comportamento violento do agressor, justificando que “ele teve um dia ruim no trabalho”, por exemplo.

Fase 2 – ato de violência: Nesta fase, a agressão se materializa de fato, pela falta de controle do agressor que chega ao limite e leva a violências verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial.Aqui, a vítima passa a sofrer insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade e sente medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor e tende a se afastar do agressor, buscando alternativas para aliviar seu sofrimento como: buscar ajuda, denunciar, esconder-se na casa de amigos e parentes, pedir a separação e até mesmo suicidar-se.

Fase 3 – arrependimento: Também conhecida como “lua de mel”, é nessa fase que vem o arrependimento e comportamento carinhoso do agressor para conseguir a reconciliação. A mulher se sente confusa e pressionada a manter o seu relacionamento, principalmente quando o casal tem filhos e se alimenta da promessa de que o agressor “vai mudar”.

A busca por ajuda

A psicóloga Fernanda Barreira Brito do Centro de Referência Flor de Liz de Palmas - serviço de acolhimento e atendimento psicossocial às vítimas em situação de violência, chama a atenção para a necessidade de estar atenta aos sinais que são bem perceptíveis nesse tipo de situação. “Toda relação tem situações de conflitos, porém o agressor vai sinalizar com um padrão de comportamento de repetição, replicando e potencializando as agressões ao longo do tempo”, explica. Para a especialista, relações abusivas iniciam de forma velada, como a psicológica, e a vítima tem dificuldade em reconhecer que está sofrendo violência. Por isso, cabe a sociedade ter conhecimento que violência não se resume a física, mas também a moral, patrimonial, de modo a auxiliar as vítimas a romper esse ciclo por meio da denúncia, do acolhimento e da informação. “Nenhuma relação começa com agressões, portanto, é preciso compreender que muitas vezes o agressor também precisa de ajuda profissional, nos casos de usuários de drogas e alcoólatras, por exemplo. Conhecer a rede de atendimento e serviços especializados nesses casos que vão ajudar, acompanhar, orientar e dar credibilidade à vítima, é essencial no enfrentamento a todo tipo de violência de gênero”, esclarece a psicóloga. O Centro de Referência trabalha com vítimas em situação de violência, seja doméstica, no ambiente de trabalho ou uma violência de rua, oferecendo serviços de informação, orientação e escuta qualificada para levantamento das necessidades da vítima como recolocação no mercado de trabalho, habitação, profissionalização ou mesmo de resgate da autoestima e de sua autonomia, possibilitando o acesso a políticas públicas da Rede de atendimento e de enfrentamento, como o Sistema de Justiça.

Dia Nacional de Luta contra Violência à Mulher

O dia 10 de outubro foi estipulado devido um movimento de mulheres que se reuniu nas escadarias do Teatro Municipal, em São Paulo, nesta mesma data no ano de 1980 para iniciar um protesto contra o aumento de crimes de gênero no Brasil.

Rede de Serviços

Central de Atendimento à Mulher: 180
Defensoria Pública do Tocantins:
Araguaína e região: 3411-7418

Gurupi: 3315-3409 e 99241-7684

Palmas: 3218-1615 e 3218-6771

Porto Nacional: 3363-8626

Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher:
Araguaína: 3411-7310/ 3411-7337

Palmas Centro: 3218-6878 / 3218-6831

Palmas Taquaralto: 3218-2404

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Vulneráveis:
Arraias: 3653-1905

Colinas: 3476-1738/ 3476-3051

Dianópolis: 3362-2480

Guaraí: 3464-2536

Gurupi: 3312-7270/ 3312-2291

Miracema: 3366-3171/ 3366-1786

Paraíso: 3361-2277/ 3361-2744

Porto Nacional: 3363-4509/ 3363-1682

Disque Direitos Humanos: 100
Ministério Público do Estado do Tocantins: 0800 – 646 – 5055
Política Militar: 190
Site do Ministério dos Direitos Humanos: ouvidoria.mdh.gov.br
Telegram
Aplicativo Magazine Luiza
Centro de Referência de Atendimento à Mulher – Flor de Liz: 3212-7246

Fontes:  Assessoria de Comunicação da Secretaria da Cidadania e Justiça do Governo do Tocantins / www.poptvnews.com.br