Palmas (TO) - O Departamento de Trânsito do Tocantins abriu processos administrativos e afastou servidores suspeitos de fraudar a emissão de documentos de veículos na região norte do estado. Três empresas investigadas tiveram credenciamento suspenso. O suposto esquema criminoso foi alvo da operação Dolos, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil, com o apoio da Polícia Militar. Portarias assinadas pelo presidente do Detran, publicadas no Diário Oficial do Estado, determinam a investigação da conduta praticada por cinco servidores que foram alvos da operação, além de um despachante e duas empresas fabricantes de placas com sede em Araguaína, norte do Tocantins. Três dos funcionários públicos investigados também foram afastados por 60 dias. O presidente do Detran ainda determinou a suspensão do credenciamento do despachante Araguaia, que pertence a Robson Dias, pelo prazo de 90 dias. O empresário está preso preventivamente e o advogado dele informou que o pedido de descredenciamento partiu da própria defesa. As empresas Placas Araguaia e Norte Placas também foram suspensas por 60 dias. A comissão formada para apurar os fatos administrativamente terá o mesmo prazo para concluir as apurações e apresentar os relatórios. Um representante da Placas Araguaína informou que a empresa não vai se manifestar neste momento. O G1 ligou para os telefones atribuídos à empresa Norte Placas, mas os números são de outros estabelecimentos.
Esquema
A operação Dolos foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil, com o apoio da Polícia Militar. Para os investigadores, os detidos integram uma organização criminosa suspeita de emitir documentos aparentemente legais para carros roubados e furtados. "Para isso, abriam processo de primeiro emplacamento junto ao Detran no Tocantins, utilizando-se de chassi clonado, notas fiscais falsificadas e dados pessoais de vítimas que eram cadastradas como proprietárias desses automóveis. Servidores do Detran que supostamente integram a organização auditavam os processos e emitiam o Certificado de Registro de Veículo (CRV)", relatou o Ministério Público Estadual. O órgão explica ainda que para fazer o emplacamento, a organização teria como prática clonar o chassi de veículos novos, que por vezes ainda estavam na concessionária e que possuíam as mesmas características do automóvel roubado ou furtado. Para a investigação, ao que tudo indica, os veículos não chegavam a passar pelo Tocantins, pois não é necessária a realização de vistoria para o emplacamento de automóveis zero-quilômetro. A investigação feita pelo Gaeco começou em 2019. As apurações envolveram interceptações telefônicas e a quebra do sigilo do IP de computadores, devidamente autorizadas pela Justiça. O MPE informou que a administração do Detran contribuiu com o andamento das investigações.
Operação
Sete mandados de prisão preventiva foram cumpridos na manhã do dia 12 de fevereiro contra servidores do Detran, empresários que atuam na área de emplacamento de veículos e despachantes, em três cidades do Tocantins. Foram cumpridos cinco mandados de prisão em Araguaína, um em Tocantinópolis e um em Wanderlândia, cidades localizadas na região norte do estado. Também há mandados de busca e apreensão. Além disso, a Justiça autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos investigados.
Fonte: G1 Tocantins / Poptvnews