Uma câmera de segurança flagrou o carro de Antônio Claudio Alves Ferreira, de 30 anos, que foi filmado ao destruir o relógio raro no Palácio do Planalto, em Brasília, rodando por Catalão, no sudeste goiano, 10 dias após o ataque. A informação foi confirmada pela Polícia Civil de Goiás ao repórter Honório Jacometto, da TV Anhanguera, em entrevista para o Fantástico. O delegado Jean Carlos Arruda também informou que a PCGO começou a receber denúncias anônimas sobre quem era ele dois dias após a divulgação de imagens, pela TV Globo, que mostraram a cena dele destruindo o relógio. “A Polícia Civil de Catalão recebeu duas ligações na terça-feira (17) pela manhã, de maneira anônima, nas quais duas pessoas diziam que sabiam quem era o indivíduo que havia danificado aquele objeto nas manifestações em Brasília”, contou o delegado. O Ministério da Justiça confirmou a identificação de Antônio Claudio Alves Ferreira, de 30 anos, e informou que ele é considerado foragido. O g1 não conseguiu localizar a defesa dele para que se posicione, até a última atualização desta reportagem. Após receber denúncias anônimas, a Polícia Civil encontrou um carro que está registrado no nome do homem. Com base nos dados e comparando às imagens de câmeras de segurança, a corporação descobriu que carro dele estava em Brasília no dia do ataque, que aconteceu em 8 de janeiro. “A Polícia Civil realizou uma checagem nos nossos sistemas internos, conferimos a existência desse indivíduo com o nome completo, com todos os seus dados e registros”, disse. Ainda analisando as imagens, o delegado disse que descobriu que o carro de Antônio saiu de Catalão no dia 1º de janeiro e chegou a Brasília na madrugada do dia 2. “Ele chega lá já no dia 2, pela madrugada e fica estacionado na região do Eixo Monumental até cerca de 20h do dia 8 de janeiro”, contou. Após isso, por volta de 20h do dia 8, ou seja, após os atos de terrorismo ocorridos em Brasília, o veículo sai do Eixo Monumental e, por volta de 23 horas, é visto saindo da capital federal. Já na madrugada no dia 9, por volta de 4h30, o carro é visto entrando em Catalão. “Depois, esse veículo fica parado [em Catalão], porque a cidade tem câmeras de segurança e ele não é localizado, pelo menos ele não é visto em movimento por essas câmeras”, contou o delegado.
Após a chegada dele na cidade goiana, na madrugada do dia 9, a Polícia Civil percebeu que o veículo dele não circulou pela cidade até o dia 16 de janeiro, quando foi visto em movimento pela cidade até o dia 18, data que ele foi filmado pela última vez. Conforme os registros, ele foi visto pela circulando em Catalão pela manhã daquele dia. Ainda de acordo com o delegado, apesar de chegar muito perto do homem, a corporação não o prendeu porque esta é uma atribuição investigativa da Polícia Federal e a competência para julgar e decidir é da Justiça Federal. Por sua vez, a Polícia Federal disse que "não fornece informações sobre eventuais envolvidos em suas ações".
Parente reconheceu Antônio pela TV
Uma pessoa, que disse ser parente de Antônio, falou com a equipe da TV Anhanguera e confirmou que o reconheceu após a divulgação das imagens que mostraram a destruição do relógio raro no Planalto. A reportagem conseguiu uma cópia da Carteira de Habilitação do vândalo e mostrou ao parente, que confirmou que é um documento de identificação do Antônio.
Passagens pela polícia
Ainda de acordo com a apuração do Fantástico, Antônio Claudio Alves Ferreira tem passagens pela polícia, mas os processos foram arquivados. “Foi possível localizar no nosso sistema fotografias dele, inclusive, também fotografias de quando ele foi autuado em flagrante aqui na cidade de Catalão, no ano 2017, pelo crime de tráfico de drogas”, contou o delegado. Segundo a polícia, além da passagem por tráfico em 2017, ele havia também passagem anterior no ano de 2014, por receptação, que é adquirir objetos produto de crime.
Já planejava ataque à democracia
A reportagem apurou que Antônio Cláudio chegou a trabalhar em duas oficinas de carro em Catalão. A TV Anhanguera localizou o dono de uma delas, que preferiu não gravar entrevista, mas contou que o homem saiu da oficina durante a pandemia e que, nos últimos meses de trabalho, puxava conversas com colegas para atacar a democracia. A TV Anhanguera não conseguiu encontrar o vândalo em Catalão. A reportagem teve a produção de James Alberti, Patrícia Marques, Arthur Guimarães, Monica Marques, Rodrigo Vaz e Diego Zanchetta, da TV Globo.