Sexta-feira, 29 de
Novembro de 2024
Estado

Propina II

Aposentada conta que recebeu pedido de R$ 26 mil para 'adiantar' o procedimento no HGP

A organização criminosa atuava há pelo menos dois anos e cobrava até R$ 3 mil para fazer cirurgias

Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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Aposentada denuncia que recebeu pedido de dinheiro para fazer cirurgia na rede pública

16 março, 2022

Com lágrimas nos olhos a aposentada Maria de Lurdes Coelho conta mais uma vez como tem sido a rotina dela há seis anos. Ela aguarda por uma cirurgia no quadril e em dezembro fez os exames para operar, mas até agora não foi chamada. "Eu aqui só esperando. A gente tem hora que falta desesperar. E vai levando aqui, eu vivo mais só deitada. Vou mexer de um lado para o outro e dói demais e estrala". Dona Maria não sabe em que posição está na fila de espera, mas conta que no final de 2021, recebeu a proposta de pagar R$ 26 mil para que o procedimento fosse adiantado e ela fosse operada dentro do Hospital Geral de Palmas. Ela não aceitou. "Eu fiquei assim analisando e disse - esse negócio não está certo, não vou fazer. Ainda me ligaram, perguntando". A Secretaria de Estado da Saúde disse que desde outubro de 2021 mais de dois mil procedimentos cirúrgicos foram realizados e que a Maria de Lurdes ainda aguarda uma consulta pré-cirúrgica. Sobre a denúncia de pedido de dinheiro, afirmou que ela deve procurar a ouvidoria para denunciar. A fila de espera por uma cirurgia pela rede pública no Tocantins tem mais de 4,5 mil pessoal. Deste total, cerca de 2 mil aguardam para serem operadas no HGP. Enquanto isso, de acordo com a investigação do Ministério Público, médicos e outros profissionais tinham um esquema para fura a fila da regulação para os pacientes que pagassem. A organização criminosa atuava há pelo menos dois anos e cobrava até R$ 3 mil para fazer cirurgias. Áudios interceptados pelo grupo de operações do MP mostram como a fraude funcionava. Em um deles, o médico fala: "cê quiser fazer é desse jeito aí; mas ele cobra 2 mil"; Quatro pessoas foram presas na primeira fase da operação. Entre elas o médico de carreira da Secretaria Estadual da Saúde, Jorge Seixas, que é apontado pelos promotores como o agente que cooptava pacientes por meio de agentes públicos e privados, em várias regiões do estado, além de fazer cobranças e pagar os médicos envolvidos no esquema. O médico, segundo o portal da transparência recebe um salário bruto de mais de R$ 30 mil. Outro médico Augusto Ulhoa Florêncio de Morais, também é investigado por receber propina para operar no hospital público ganhando vantagens indevidas. O terceiro investigado é o fisioterapeuta concursado, Railon Rodrigues da Silva, que só da função de concursado recebe salário de R$ 6 mil. Idael Aires Tavares, também foi preso durante a operação Betesda. Todos foram ouvidos pela polícia civil e encaminhados para a casa de prisão provisória de Palmas. Os servidores públicos do estado do Tocantins, segundo o secretário da saúde, Afonso Piva, vão responder a uma sindicância interna. Além de sofrer penalidades administrativas, todos podem responder por crimes na justiça. Para os servidores públicos a pena pode ser agravada.