O agropecuarista Thiago da Matta Fagundes, de 40 anos, está sendo investigado pela Polícia Civil de Goiás por suspeita de aplicar golpes na compra e venda de imóveis. O prejuízo causado às vítimas é de aproximadamente R$ 100 milhões. Entenda abaixo como o esquema funcionava. Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados a Thiago e a pessoas suspeitas de atuarem como laranjas dele. As ordens foram cumpridas nas cidades de Goiânia, Porangatu e Pindamonhangaba (SP). Durante a operação, realizada na terça-feira (29/10), o agropecuarista foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Conforme consta no sistema do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), ele pagou fiança e foi solto. O valor da fiança não foi informado. Por ser considerado o líder do esquema criminoso, a polícia divulgou o nome e foto de Thiago para tentar localizar outras vítimas do golpe. Até a última atualização da reportagem, g1 não encontrou nenhum advogado habilitado para a defesa de Thiago e os outros suspeitos e nem conseguiu contato direto com eles para que se manifestassem sobre o caso. Foram apreendidos documentos, celulares, computadores e registros bancários que, segundo a polícia, poderão ajudar na reconstrução do esquema e na identificação de outras pessoas envolvidas.
Imposto de Renda
Durante a operação, também foi apreendida uma caminhonete usada por Thiago. Para ocultar a origem e a real propriedade do bem, ele apresentou aos policiais um contrato de locação do veículo, o que, para a polícia, “certamente contribuirá para a investigação do crime de lavagem de dinheiro”. No geral, o agropecuarista é suspeito de estelionato, falsificação de documentos públicos, uso de documento falso e associação criminosa.
Vítimas do esquema
A polícia afirma ter recebido a primeira denúncia contra Thiago em novembro de 2023. A vítima contou aos policiais ter negociado com o agropecuarista, em 2022, a compra de uma de uma fazenda em Porangatu, no norte goiano. Segundo o relato, o pagamento total pela fazenda foi realizado com valores adicionais adiantados para que Thiago quitasse dívidas associadas ao imóvel, que estava como garantia para credores. Mas, ele não cumpriu com o acordo e, ainda, fez novos empréstimos junto a um banco, usando novamente a fazenda já vendida como garantia. Somados, os empréstimos somaram R$ 16 milhões. O esquema, de acordo com a polícia, impediu a vítima de registrar a escritura da fazenda em seu nome, obrigando-a a recorrer à Justiça para obter a posse do imóvel, que Thiago bloqueou ao manter pessoas armadas no local. Com o aprofundamento das investigações, a Polícia Civil descobriu cinco vítimas principais, além de diversos bancos e credores lesados. Indícios levam a polícia a crer que, por conta de restrições em seu nome, Thiago usa laranjas para formalizar contratos e obter empréstimos junto a instituições financeiras, ocultando assim sua participação direta nas operações. Esses laranjas, que também se tornaram alvos de busca e apreensão, eram usados para viabilizar a movimentação dos valores e realizar a distribuição dos montantes, compondo um esquema de lavagem de dinheiro que gerou cerca de R$ 100 milhões em prejuízos.