Segunda-feira, 25 de
Novembro de 2024
Estado

Crime

Agências de turismo e casas de câmbio compraram aviões e lavaram dinheiro para tráfico internacional, diz PF

Empresas funcionavam como um tipo de rede de apoio para operação de tráfico e lavagem e dinheiro

Foto: PF/Divulgação
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Operação da Polícia Federal cumpre mandados no Pará e em Goiás

27 setembro, 2023

Agências de turismo e casas de câmbio estão entre os principais alvos da segunda fase da Operação Flak, realizada nesta quarta-feira (27/9) pela Polícia Federal. Essas empresas e seus proprietários funcionavam como uma rede de apoio para a operação do tráfico internacional, intermediando a compra de aeronaves e a lavagem de dinheiro. Nesta nova etapa da operação foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão emitidos pela 4ª Vara da Seção Judiciária do Tocantins. Também foi determinado sequestro de diversos bens, fazendas, 19 aviões e bloqueio de contas bancárias de 41 pessoas. A TV Anhanguera e o g1 tiveram acesso à decisão que autorizou as buscas. O documento descreve a participação de duas agências de turismo na compra de aeronaves em leilões nos Estados Unidos da América (USA). Interceptações feitas com autorização da Justiça descrevem conversas entre João Soares Rocha, apontado como chefe da organização criminosa, e empresários ligados às agências de turismo para a compra dos aviões. A investigação apontou que o grupo chegou a comprar aeronaves como se fossem sucata para desmanche e aproveitamento de peças, com objetivo de burlar a tributação. Depois eram feitas adulterações e os aviões passavam a voar com prefixos de aeronaves que tinham se acidentado durante o transporte das drogas. João Soares Rocha chegou a ser preso durante a primeira fase da operação, mas ganhou liberdade e está foragido. Entre os alvos de mandados cumpridos nesta quarta-feira (27/9) também estão parentes dele.

Conversão de dólares
A investigação apontou que as agências de turismo e casas de câmbio em Palmas e Goiânia também participavam do esquema fazendo a conversão clandestina de dólares e a transferência dos valores para outros membros da organização criminosa e laranjas.“Neste sentido descobriu-se a prática de “câmbio paralelo” por agências de turismo situadas em Palmas-TO e Goiânia-GO, que trocavam o dólar por real, o que gerava uma espécie de crédito para o integrante da ORCRIM, recebido por meio de transações bancárias destinadas à sua própria conta ou em nome de terceiros que indicavam”, diz trecho da decisão. Essas agências também eram utilizadas pela organização criminosa, segundo a investigação, para pagar por caminhões e até para receber pagamentos pela venda de ouro.

Nova fase
Nesta segunda fase da Operação Flak são cumpridos mandados contra pessoas e empresas em Goiânia (GO), Tucumã (PA) e São Felix do Xingú (PA). A investigação é contra uma organização criminosa que supostamente faz o tráfico internacional de drogas a partir dos países produtores, como a Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru, até países de passagem ou destinatários finais como o Brasil, Honduras, Suriname. Também havia transporte para países da América do Norte, África e Europa. Para executar o tráfico, o grupo criminoso adquiria aeronaves, registrava em nome de “laranjas”, contratava pilotos e controlava aeroportos clandestinos.

Operação Flak
O grupo criminoso começou a ser investigado em 2018 depois que uma aeronave com 300 quilos de cocaína foi apreendida em Formoso do Araguaia. O principal investigado, apontado como chefe da quadrilha, é João Soares Rocha. Veja quem é o homem apontado como chefe da quadrilha de tráfico internacional alvo da operação Flak. Durante a investigação a polícia descobriu que o grupo comprava e adulterava aeronaves para transportar drogas no Brasil e em outros países. João Soares Rocha possuía de fazendas, aviões, postos de combustíveis e até um hangar. As investigações indicam que a rota do transporte de drogas passava pelos países produtores (Colômbia e Bolívia), países intermediários (Venezuela, Honduras, Suriname e Guatemala) e países destinatários (Brasil, Estados Unidos e União Europeia). Pistas no Tocantins também eram usadas pelo grupo. Também em 2018, a polícia conseguiu encontrar uma espécie de submarino improvisado no Suriname. A embarcação, que podia carregar entre 6 e 7 toneladas, poderia ser utilizada pela para levar drogas para Europa e África. No ano seguinte o grupo foi alvo de uma megaoperação da Polícia Federal que fez 28 prisões e apreendeu 11 aeronaves. O suposto líder do grupo, João Soares Rocha, chegou a ser preso, mas ganhou liberdade e é considerado foragido.