Palmas (TO) - Pacientes com diagnóstico de câncer estão tendo os tratamentos interrompidos no Tocantins. É que em alguns casos, medicamentos necessários para tratar a doença estão em falta na rede pública do estado, e a máquina usada na realização de exames está quebrada. Sem a quimioterapia, os pacientes têm medo do estado de saúde ser agravado. Terezinha da Silva tem 82 anos, é paciente oncológica, e depende do Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda não conseguiu começar as sessões contra um câncer na bexiga. A idosa, que diz se sentir "abandonada pelos governantes" foi informada que a máquina que faz um exame necessário para o início do tratamento está quebrada. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que o equipamento já está em manutenção e que o medicamento em falta já foi solicitado. A filha de Terezinha, Marina Ramos, explica que há um mês aguarda a realização do exame que vai definir o tipo de tratamento para a mãe. "Sem esse exame nós não vamos conseguir saber o nível que o câncer está. Já sabemos que é grau alto, mas eu preciso do estágio que ele está. Sem isso eles não dão nem água. Ela está sem tratamento", reclamou. A idosa, que descobriu a doença durante a pandemia, está preocupada e tem medo do câncer evoluir. O tumor na bexiga foi retirado em uma cirurgia custeada pela família, mas o tratamento periódico, que deve durar dois anos, ainda não tem data para começar. "Agora tem cinco meses que operou e eu precisava ter feito toda semana uma aplicação. Não fez até hoje. Estou aguardando esse exame porque a máquina quebrou lá", disse. Terezinha, que depende dos procedimentos para viver, está abalada e chora ao lembrar da situação. "O que a gente sente não tem nem explicação. Abandonada pelos governantes. Sou uma pessoa de 82 anos, trabalhei a vida inteira e a gente paga os impostos certinho. Quando você precisa, você não tem. Não é fácil", disse Terezinha. A família da comerciante Alaile Ferreira também está preocupada. O filho dela tem 22 anos e faz tratamento contra dois tumores: um no intestino e outro no fígado. Ela diz que um foi removido durante um procedimento cirúrgico, mas o outro é tratado com sessões de quimioterapia. Na última semana o jovem foi ao Hospital Geral de Palmas (HGP) para realizar as aplicações, mas um dos medicamentos estava em falta. Para não interromper o tratamento, a família precisou arcar com a compra do remédio. "O tratamento dele está sendo da seguinte forma: são duas sessões de quimioterapia para poder fechar um ciclo. E na quarta-feira retrasada ele passou no HGP, fez o procedimento, e agora nessa quarta ele retornou lá e infelizmente faltou a medicação", explicou. O próximo retorno está marcado para o próximo dia 9 de dezembro, mas a família não sabe se o medicamento será disponibilizado. "É uma expectativa que a gente cria. A cada dia que passa você já começa a pensar: será que quando eu chegar no hospital eu vou ter atendimento? Essa dose não pode ser interrompida. Será que vai estar disponível ou será que que mais uma vez eu vou ter uma má notícia de que meu filho vai voltar para casa sem o tratamento porque a medicação não chegou no hospital. Será que eu vou ter que, novamente, ter que mandar comprar [o remédio] em outro estado", disse.
O que diz a Secretaria de Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que o medicamento utilizado pelo paciente M. L. P. P. já foi solicitado e encontra-se aguardando confirmação da licitação e entrega pelo fornecedor. Sobre a paciente T. Z. S. R. a SES esclarece que o equipamento utilizado já está em manutenção, e provavelmente, dentro de uma semana, a equipe entrará em contato para que seja realizado o procedimento da paciente.
Fontes: G1 Tocantins / www.poptvnews.com.br