Domingo, 24 de
Novembro de 2024
Direito & Justiça

Afastado

STJ decide manter afastado desembargador investigado

Ronaldo Eurípedes foi afastado no dia 28 de abril pelo prazo de um ano. Ele foi alvo da Operação Madset, da Polícia Federal

Foto: Secom/Divulgação
post
Ronaldo Eurípedes foi acusado de vender de sentenças

21 maio, 2020

Palmas (TO) - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu na quarta-feira (20/5) manter o desembargador Ronaldo Eurípedes, do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), afastado do cargo. A medida tinha sido determinada pelo ministro do STJ Og Fernandes e estava em vigor desde o dia 28 de abril. Agora a determinação foi referendada pela Corte Especial do STJ.

Ronaldo Eurípedes é investigado pela Polícia Federal na Operação Madset. Ele é suspeito de vender decisões judiciais enquanto atuou como desembargado no TJTO. A apuração da PF indica que o patrimônio do magistrado triplicou entre 2013 e 2015 e chegou a R$ 11,5 milhões. O aumento da movimentação financeira coincide com o período em que ele foi presidente do tribunal.

Depósitos bancários feitos por advogados em contas do motorista de Ronaldo Eurípedes também chamaram a atenção. A sessão em que a decisão de manter o afastamento dele foi tomada foi realizada através de uma videoconferência.

A defesa do Desembargador Ronaldo Eurípedes afirmou, em nota, que respeita a decisão do Superior Tribunal de Justiça e mantém inabalável confiança no Poder Judiciário. Quanto aos fatos imputados a defesa somente se manifestará nos autos. Disse ainda que o desembargador está à disposição do Superior Tribunal de Justiça, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.

A investigação

Ronaldo Eurípedes é um dos alvos da operação Madset da Polícia Federal, contra uma organização criminosa suspeita de vender decisões judiciais. Um assessor técnico do Tribunal de Justiça do Tocantins também foi afastado. Ele é apontado como motorista e operador financeiro do desembargador.

Ronaldo Eurípedes atuava como advogado no Tocantins e ingressou no Tribunal de Justiça, por meio do quinto constitucional, um dispositivo jurídico que determina que um quinto das vagas de determinados tribunais brasileiros seja preenchido por advogados e membros do Ministério Público.

Na decisão, consta que nos três anos anteriores à sua posse - em 2010, 2011 e 2012 - o desembargador movimentou cerca de R$ 4,5 milhões nas suas conta bancárias. Nos três anos posteriores à sua posse - em 2013, 2014 e 2015 - o volume de recursos movimentado quase triplicou, alcançando cerca de R$ 11,5 milhões. Conforme o ministro, nos anos seguintes, a tendência de alta continuou a ponto de atingir em 2017, mais de R$ 12 milhões. Segundo os relatos, "tamanha movimentação bancária, não condiz, em tese, com os rendimentos auferidos ordinariamente por um desembargador, especialmente porque, em depoimento prestado perante a Polícia Federal quando da deflagração da Operação Toth, [em agosto de 2018] Ronaldo Eurípedes afirmou que a sua renda familiar giraria em torno de R$ 80 mil, ou seja, menos de R$ 1 milhão por ano".

Segundo a decisão, durante as investigações, também verificou-se um aumento exponencial de transação de cabeças de gado. Em 2014, o desembargador comprou 24 animais. Entre 2015 e 2017, quando Ronaldo assumiu a presidência do TJ, as atividades pecuárias tiveram um grande aumento, com a compra de 4.756 cabeças de gado.

A Polícia Federal e o MPF chegaram a pedir a prisão preventiva do desembargador, do assessor técnico dele e de advogados, mas o STJ negou. A investigação apura, além da venda de decisões judiciais, outros crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Investigações preliminares revelaram indícios da participação de um grupo de advogados nas negociações criminosos e uma expressiva movimentação financeira entre os envolvidos, conforme a procuradoria federal.

Da Redação

Existem denúncias não confirmadas, de alinhamentos de sentenças e de habeas corpus  noutros tribunais de justiça, como  aconteceu no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA),  que resultou no   afastamento   do  presidente Gesivaldo Britto -   acusado de participar de esquema de vendas de sentenças  e de habeas corpus.  O afastamento de Gesivaldo Brito foi determinada   pelo ministro Og Fernandes  do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o mesmo que afastou o  desembargador Ronaldo Eurípedes, presidente do  Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO). 

Fontes: G1 Tocantins / www.poptvnews.com.br