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Novembro de 2024
Direito & Justiça

Prisões

Polícia Militar pede prisão de PMs que abordaram jovem achado morto

Advogado da família afirma que ele foi executado pelos militares. Os agentes registraram ocorrência dizendo que a morte aconteceu em suposto confronto; polícia civil investiga o caso

Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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Polícia Militar pede prisão de PMs que abordaram jovem achado morto após ser filmado sendo colocado em viatura, em Goiânia

15 agosto, 2022

A Polícia Militar de Goiás pediu à Justiça Militar, nesta segunda-feira (15/8), a prisão provisória dos policiais militares que abordaram o jovem encontrado morto após ser filmado sendo colocado em uma viatura horas antes, em Goiânia. Um vídeo registrado por câmeras de segurança mostra o momento em que o Henrique Alves Nogueira é colocado pelos agentes dentro da viatura. O pedido de prisão realizado à Justiça Militar é referente a outros crimes que podem ter ocorrido durante a abordagem. Esse tipo de pedido acontece quando a PM entende que possa existir indícios de desvios de conduta do chamado Procedimento Operacional Padrão (POP) adotado pelos agentes, como o abuso de autoridade. No entanto, o pedido de prisão feito pelo comando da Polícia Militar à auditoria militar não é referente à morte de Henrique, uma vez que crimes de homicídio são julgados pela justiça comum, passando pelo Tribunal do Júri. Os policiais em questão são os quatro que aparecem na filmagem registrada por câmeras de segurança na quinta-feira (11/8), colocando Henrique no porta-malas da viatura. Segundo nota enviada pela PM  domingo (14/8), os policiais foram afastados de suas funções e foi determinada a abertura de um inquérito interno para apurar a conduta dos agentes. Polícia Militar pede prisão de PMs que abordaram jovem achado morto após ser filmado sendo colocado em viatura, em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Abordagem policial
A câmera de segurança de um comércio filmou na última quinta-feira (11) os momentos em que Henrique Alves caminha numa rua com as mãos no bolso do casaco. Uma viatura do Tático da Polícia Militar (PM) para ao lado dele. Os PMs descem com revólveres nas mãos e o jovem logo se vira contra um muro para ser revistado. A abordagem dura poucos segundos. As imagens mostram que o jovem e os policiais conversam por cerca de cinco minutos. Em seguida, os militares levam Henrique para o porta-malas da viatura. Ele até tenta resistir, mas acaba entrando. O carro da PM, então, segue trajeto desconhecido. De acordo com o advogado Alan Araújo Dias, que representa a família, o jovem foi abordado no bairro Jardim Europa por volta de 8h da manhã, a última vez em que foi visto com vida. Depois disso, a família tentou contato com ele durante todo o dia, mas não conseguiu. Registraram boletim de ocorrência por desaparecimento. À noite, cerca de 12 horas depois da abordagem, receberam a notícia da morte. O corpo foi achado no bairro Real Conquista, que fica a 14 km do local da abordagem.

Suposto confronto
Segundo o delegado responsável pelo caso, André Veloso, o jovem foi colocado na viatura por volta de 8 horas da manhã e a delegacia de Homicídios foi acionada às 22 horas do mesmo dia, pela mesma viatura, para uma ocorrência de um suposto confronto. "A versão deles [policiais] é que eles estavam andando ocasionalmente, se depararam com uma moto, pediram para parar, o motociclista fugiu e o carona confrontou a equipe, mas tivemos acesso a imagens que comprovam que, ao invés desse confronto, ele foi abordado e colocado no interior da viatura", disse o delegado. Os policiais militares que abordaram o jovem registraram uma ocorrência contando que houve um confronto entre a equipe e dois suspeitos que estavam em uma moto. Eles descreveram que estavam em patrulhamento quando cruzaram com a motocicleta de cor prata. Narram que os dois ocupantes tentaram dar meia volta para evitar abordagem. A moto derrapou e o garupa que levava uma mochila desceu. Os militares dizem ainda que pediram socorro médico para o suspeito e que a morte foi constatada ainda no local. A equipe disse que ele levava uma mochila cheia de drogas. Registraram que o jovem não tinha documentos e que o outro suspeito fugiu. Apesar de os alegarem que o jovem estava com drogas numa mochila, a Polícia Civil explica que segundo as imagens que mostram a abordagem, Henrique Alves não portava nenhum dos objetos apontados. "Na abordagem deu para ver que ele não estava com mochila nenhuma, não estava armado e não estava portando essas drogas. Ele estava sozinho, eles fazem a revista pessoal dele e o colocam no camburão", explicou o delegado. No registro policial em que os policiais militares detalharam o suposto confronto, foi explicado ter sido encontrado na mochila:

3 barras e meia de substância similar a maconha;
70 papelotes de substância similar a cocaína;
38 papelotes de substância similar a ecstasy;
46 papelotes de substância similar a crack;
2 pedaços de crack;
3 pedaços de cocaína;
1 rolo de papel filme.