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Novembro de 2024
Direito & Justiça

Envergonhado

Médico indiciado por racismo após filmar homem negro acorrentado se diz 'envergonhado'

Márcio Antônio afirmou, em gravação publicada nas redes sociais, que entende que a 'brincadeira' filmada na cidade de Goiás foi ofensiva. Processo está sendo analisado pelo Ministério Público

Foto: Reprodução
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Médico indiciado por racismo após filmar homem negro acorrentado se diz 'envergonhado'

26 março, 2022

O médico Márcio Antônio Souza Júnior se posicionou nas redes sociais dizendo que se sente “envergonhado” pela gravação que fez com um funcionário negro acorrentado e algemado, na cidade de Goiás. A Polícia Civil investigou o caso e indiciou o autor por racismo. O vídeo em que o caseiro é tratado como “escravo” viralizou na web e teve grande repercussão, gerando críticas e polêmica. Márcio publicou novo vídeo, na sexta-feira (24/3), em que afirma estar passando por um “despertar de consciência”, em que reconhece que a filmagem que viralizou foi ofensiva. “Fui pego de surpresa com a repercussão de algo que eu achava que era só uma brincadeira. Uma brincadeira que hoje eu entendo que é sem graça, idiota, irresponsável e muito infeliz. Que nunca, jamais deveria ser feita", diz em vídeo. Esta é a terceira gravação do médico sobre o assunto. Logo após a original gerar polêmica, ele fez uma segunda dizendo que tudo não passava de uma “encenação”, uma “zoeira”. O médico foi indiciado pelo crime de racismo no último dia 14 de março e o inquérito está sendo analisado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), que pode ou não oferecer denúncia contra Márcio (veja abaixo vídeo que levou ao indiciamento). O advogado que representa o médico, Pedro Paulo de Medeiros, disse que a defesa "confia que o Ministério Público reconhecerá o que ficou claro em seu depoimento e no depoimento dos outros envolvidos na inoportuna brincadeira”. Ainda de acordo com nota do defensor, o cliente já se desculpou publicamente e não teve"intenção de ofender ou enaltecer qualquer tipo de discriminação”.

Vídeo e repercussão
A gravação mostra o funcionário acorrentado enquando o médico diz: "Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala". O caso ganhou repercusão e a prefeitura da cidade divulgou uma nota dizendo que o ato causava "repulsa". Depois disso, o médico gravou um novo vídeo ao lado do funcionário dizendo que não havia "nada de escravidão" e que as pessoas estavam "enchendo o saco". A Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos da cidade de Goiás e o Ministério Público passaram a acompanhar o caso. Quando a história começou a repercutir, o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e defensor dos direitos da população negra, José Vicente, disse que o ato não pode ser encarado como uma "brincadeira". Também à época da divulgação do vídeo original, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) disse que "rechaça qualquer incitação ao racismo". O delegado Joaquim Adorno, que foi responsável pelo indiciamento do médico, disse que a conduta de Márcio foi de "racismo recreativo". "Tem que reforçar que não é porque foi uma 'brincadeira', que não é crime", disse. Segundo o delegado, o indiciado responde em liberdade e não cabe prisão no momento. Também de acordo com ele, a pena para quem é condenado por este crime é de dois a cinco anos de prisão.

Nota da Redação

O que a sociedade goiana exige é que o Ministério Público de Goiás (MP/GO), cumpra a sua função e denuncie o acusado por este ato criminoso e vergonhoso. Que o acusado [ sem vergonha] se sente engvergonhado ou não ele terá que ser responsabilizado e punido exemplarmente pelo seu ato