Sexta-feira, 22 de
Novembro de 2024
Direito & Justiça

Prisão

Justiça manda prender tenente filmado agredindo advogado

Decisão determina ainda afastamento, suspensão do porte e recolhimento de armas de outros três PMs envolvidos. Tenente disse que a 'conduta é sua forma reagir às provocações'

Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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Momento em que advogado fica com pescoço preso entre as pernas de PM, em Goiânia, Goiás

22 setembro, 2021

Goiânia (GO) - A Justiça mandou prender preventivamente o tenente Gilberto Borges da Costa, que foi filmado espancando, junto com outros policiais, o advogado Orcelio Ferreira Silverio Junior, de 32 anos, em uma calçada de Goiânia. A decisão determina ainda o afastamento, a suspensão do porte e recolhimento das armas dos outros três policiais que aparecem no vídeo agredindo o advogado. A decisão é da juíza Bianca Melo Cintra e foi publicada na segunda-feira (20/9). Também respondem ao processo o cabo Robert Wagner Gonçalves de Menezes, soldado Ildefonso Malvino Filho, soldado Diogenys Debran Siqueira Silva e soldado Wisley Liberal Campos. Todos são acusados pelo crime de tortura. O g1 entrou em contato com a Polícia Militar questionando se o mandado de prisão contra o tenente e o afastamento dos demais envolvidos já foram cumpridos por meio de um e-mail enviado às 15h04 e aguarda um retorno. A reportagem não conseguiu o contato da defesa dos réus até a última atualização. Na decisão, que o g1 teve acesso, consta que o pedido de prisão contra o tenente se deu após testemunhas relatarem que estão “extremamente atemorizadas com a situação que presenciaram”. Além de constar nas investigações informações de que "pessoas andaram rondando a região em que ocorreram os fatos e a casa de parentes da vítima". Consta ainda que o tenente declarou em depoimento que a “prática daquele tipo de conduta é sua forma reagir às provocações feitas contra sua pessoa”. O que, segundo a Justiça, convalida os fatos apurados durante as investigações, de que a abordagem policial inicial se deu em razão de questões pessoais enfrentadas pelo acusado anteriormente, e não pelo fato de “flanelinhas” estarem fazendo cobrança irregular na região. A Justiça chegou à conclusão de que o acusado “faz uso da farda para impor de forma deturpada sua vontade, o que é inadmissível como agente estatal no uso de suas funções públicas”. Além de destoar completamente do estabelecido no Procedimento Operacional Padrão (POP).

Violência

O advogado foi agredido pelos policiais no dia 21 de julho. Ele levou os socos na frente do pai. Orcélio Ferreira Silvério disse que o filho chegou a desmaiar por três vezes. "Estou me sentindo um homem morto, porque um pai que vê um filho ser espancado e não poder fazer nada. Um homem de 62 anos que toma remédio controlado. Eu fiz três pontes de safena há três anos. É muito revoltante", lamentou Silvério.

Agressão em delegacia

O advogado denuncia que foi agredido novamente pelos policiais. Desta vez, dentro da Central de Flagrantes da Polícia Civil, para onde foi levado após a abordagem em frente ao camelódromo. Segundo Orcélio, um agente foi conivente. Uma apuração foi instaurada na Corregedoria da Polícia Civil. Foram pedidas imagens de câmeras de segurança e serão analisados os exames de corpo de delito para verificar se, de fato, houve a segunda agressão.