O Ministério Público Federal em Goiás (MPF) denunciou à Justiça Federal o ex-oficial do Exército Brasileiro Rubens Robine Bizerril pelo sequestro e morte do então estudante e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ismael Silva de Jesus. Os crimes ocorreram entre 12 de julho e 9 de agosto de 1972, em Goiânia, de acordo com o MPF. O g1 não localizou a defesa de Rubens Robine Bizerril até a última atualização desta reportage Na denúncia, o MPF pede a condenação do ex-oficial do Exército pelos crimes de homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, falsidade ideológica e fraude processual. A denúncia partiu do Grupo de Trabalho Justiça de Transição, que sugeriu a investigação de mortos e desaparecidos do Regime Militar, cujos crimes ainda não eram investigados ou estavam em andamento ou finalizados. O procurador Mário Lúcio de Avelar, que assinou a denúncia, explicou que os crimes foram cometidos no contexto de um ataque sistemático e generalizado contra a população brasileira e, por isso, devem ser classificados como crimes de lesa-humanidade para todos os fins de direito, sendo, nessa qualidade, imprescritíveis e insuscetíveis de anistia. Ismael Silva nasceu em 12 de agosto de 1953, em Palmelo. Foi estudante secundarista do Colégio Estadual Professor Pedro Gomes, em Goiânia, e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), identificado sob o codinome de “Olavo”. Na época do crime, sua atuação concentrava-se na administração da biblioteca local do PCB, cujo acervo ficava na sua residência, em Goiânia.
Preso e torturado
O MPF apurou que em 12 de julho de 1972, o ex-oficial e sua equipe prenderam Ismael Silva ao sair do trabalho, sem qualquer ordem judicial ou flagrante de crime. Em seguida, o levaram ao então 10° Batalhão de Caçadores de Goiânia, hoje o atual 42º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIMTz). Segundo as investigações, Ismael Silva ficou preso e foi torturado por quase um mês, sendo depois assassinado por militares. Na época, a morte foi divulgada como suicídio. O MPF apurou ainda que houve alteração da cena do crime e os militares inseriram informações falsas no laudo necrológico de Ismael Silva, com ajuda de médicos legistas.
Operação para fechar o PCB
Em maio de 1972, o Exército e o Departamento de Polícia Federal em Goiás (DPF/GO) monitoraram a conferência municipal do PCB, realizada no dia 21 daquele mês, na capital, quando Ismael Silva foi eleito para a diretoria do partido. A partir daí, a Polícia Federal iniciou uma operação para fechar o PCB em Goiás. Segundo o MPF, ao menos oito pessoas do comitê municipal foram sequestradas pelos agentes e mantidas sob cárcere privado nas dependências da Polícia Federal e do Exército, onde Ismael Silva morreu.
Da Redação
Mesmo diante de tamanha barbárie, alguns fanáticos bolsonaristas [ dissimulados e total desinformados ] ainda defendem a volta do regime militar no Brasil.