Sexta-feira, 22 de
Novembro de 2024
Direito & Justiça

Medo

Em mensagens, advogado assassinado afirmou que tinha medo de ser morto: 'Não vão querer me matar?'

Mensagem foi enviada pelo advogado meses antes da morte dele ao agricultor Luciano Maffra

Foto: Reprodução/OAB-GO e Reprodução/MPGO
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Marcus Aprígio Chaves e conversa onde ele afirma ter medo de morrer, em Goiânia, Goiás

30 maio, 2023

Antes de morrer, um dos advogados que foram assassinados a tiros em um escritório de advocacia em Goiânia afirmou que tinha medo de ser morto por Nei Castelli, apontado como mandante do crime. Em uma mensagem enviada ao agricultor Luciano Maffra, o advogado Marcus Aprígio Chaves demonstrou preocupação ao decidir cobrar por honorários sucumbenciais. Os acusados do crime passam por júri popular nesta terça-feira (30/5). "Mas, realmente, você não acha perigoso executarmos [a cobrança da dívida] Eles mandaram matar você... Não vão querer me matar também?", questionou o advogado. O crime contra os advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhães aconteceu em 2020. Eles foram mortos a tiros, por volta das 14h30, no escritório de advocacia localizado no Setor Aeroporto, em Goiânia. Na ocasião, Marcus levou três tiros que o atingiram no crânio e na região nasal, enquanto Frank foi atingido por um tiro na região torácica. O g1 pediu um posicionamento a defesa de Nei Castelli sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Na ocasião em que Marcus demonstrou a preocupação ao amigo quanto à cobrança dos honorários, por mensagem, Luciano responde para que o advogado faça um testamento. "Faça um testamento e execute", diz Luciano Maffra. "‘Credo! Meus filhos precisam de mim aqui ainda... Dinheiro não paga minha companhia", devolveu o advogado. Essa cobrança de honorários sucumbenciais em um valor de R$ 4,6 milhões foi apontada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) como a motivação do crime contra os dois advogados. De acordo com o órgão, o fazendeiro teria ordenado o assassinato depois de perder uma ação referente a uma fazenda na divisa de Goiás e Bahia, no valor de R$ 46 milhões, que o obrigava a pagar o valor as vítimas. Ainda de acordo com o MP, inconformado com o fato de ter que pagar a dívida, Nei Castelli teria entrado em contato com Cosme Lompa na tentativa de encontrar alguém para o homicídio. Lompa, então, teria escolhido Pedro Henrique, conhecido pela prática de diversos crimes no Tocantins, e teria acertado com ele a execução. Além disso, conforme apontado pelo MP-GO, Lompa teria prestado apoio a Pedro antes e após o cometimento dos assassinatos, transportando os executores e garantindo que se hospedassem em Goiânia, uma vez que eles são do Estado do Tocantins. Pedro foi a júri popular em maio do ano passado, visto que a defesa dele não recorreu da acusação, fazendo com que o julgamento acontecesse antes dos demais. Ele foi condenado a 45 anos, 6 meses e 10 dias de prisão, em regime inicialmente fechado. Nei Castelli: fazendeiro apontado como o mandante do crime, acusado por duplo homicídio qualificado por cometer o crime por motivo fútil e impossibilitar a defesa das vítimas. Ele foi preso em 17 de novembro, em Catalão.
Pedro Henrique Martins: acusado por roubo - já que levou R$ 2 mil das vítimas - e por duplo homicídio qualificado por cometer o crime sob promessa de pagamento e por impossibilitar a defesa das vítimas. Ele é apontado como autor dos disparos contra as vítimas e foi preso em Porto Nacional (TO), em 30 de outubro; Jaberson Gomes: acusado de usar nome falso para marcar horário com os advogados e acompanhar Pedro Henrique no dia do crime. Ele foi morto em confronto com a PM de Tocantins em 30 de outubro de 2020, por isso não foi indiciado por nenhum crime; Hélica Ribeiro Gomes: namorada de Pedro Henrique, presa em 9 de novembro, em Porto Nacional (TO), ela é acusada por favorecimento pessoal, já que é apontada como responsável por ajudar o namorado após o crime; Cosme Lompa Tavares: apontado pela polícia como o responsável por intermediar a negociação e contratar os executores do crime. Preso em 9 de novembro em Palmas (TO), ele também é acusado por roubo e duplo homicídio qualificado por cometer o crime sob promessa de pagamento e por impossibilitar a defesa das vítimas.