Sexta-feira, 22 de
Novembro de 2024
Cultura

Prisões

Cinco agentes da Polícia Civil têm prisão decretada em investigação sobre grupo de extermínio

Investigação aponta que grupo teria envolvimento com pelo menos duas dezenas de mortes

Foto: PF/Divulgação
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Mandado de busca foi cumprido na sede da Denarc

22 junho, 2022

Cinco agentes da Polícia Civil tiveram as prisões preventivas decretadas pelo colegiado de juízes do Tribunal de Justiça do Tocantins. Eles são investigados por supostamente integrarem um grupo de extermínio dentro da Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos de Palmas (Denarc). A Polícia Federal chegou a pedir a prisão temporária de dois delegados, mas os pedidos foram negados.

Tiveram a prisão preventiva decretada:

Antônio Martins Pereira Júnior
Carlos Augusto Pereira Alves
Antônio Mendes Dias
Callebe Pereira da Silva
Giomari dos Santos Júnior

A decisão determinou que após a prisão eles sejam levados para Unidade Prisional de Segurança Máxima de Cariri do Tocantins, no sul do estado, e sejam colocados em celas separadas e individuais. O advogado que representa os investigados, Antônio Ianowich, afirmou que todos os agentes investigados estão se apresentando espontaneamente para dar cumprimento aos mandados de prisão. Operação da PF cumpre mandados de prisão e buscas contra grupo de extermínio na Polícia Civil
“Nós não vamos comentar ainda o teor das acusações, primeiro porque não tivemos acesso aos altos. Vamos primeiro analisar do que eles estão sendo acusados, mas deixando claro que nenhum deles está se negando ou fugindo da atuação da Justiça. Todos cumprirão as decisões judiciais. Após termos acesso aos autos, respeitando o sigilo, a defesa vai se manifestar sobre o assunto”, afirmou o advogado.

Cumprimento de mandados
A Polícia Federal cumpriu, nesta quarta-feira (22/6), mandados de busca e apreensão em uma operação para investigar um suporto grupo de extermínio dentro da Polícia Civil. As ordens de busca estão sendo cumpridas em dez endereços de agentes e delegados ligados à Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos de Palmas (Denarc). A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota, que a Corregedoria-geral da Polícia Civil está acompanhando a operação e deve se manifestar em tempo oportuno. A operação, denominada como Caninana, foi autorizada pelo colegiado de juízes do Tribunal de Justiça do Tocantins. Também foram autorizadas 14 medidas cautelares diversas da prisão, dentre as quais estão a suspensão da função pública dos investigados. Um dos mandados de busca foi cumprido na sede da Denarc, na região norte de Palmas. Segundo as investigações, os policiais tinham um grupo de WhatsApp em que programavam o articulavam a morte de pessoas. Os alvos eram ex-presidiários e investigados por tráfico de drogas. A investigação apontou que o grupo foi responsável por até duas dezenas de assassinatos praticados entre 2019 e 2020 no estado do Tocantins. A PF concluiu que a Denarc estava usando o aparato estatal para grampos ilegais, plantar drogas falsas, servir o governo e fazer limpeza social com um “código penal próprio”. Um dos episódios investigados aconteceu no dia 27 de março de 2020, quando cinco pessoas foram mortas com indícios de execução nos bairros de União Sul e Jardim Aureny I, na região sul de Palmas. O cumprimento de todas as ordens judiciais pela Polícia Federal foi acompanhado por equipes da Corregedoria da Polícia Civil. O nome da operação faz referência a um tipo de serpente encontrada na fauna brasileira, que se alimenta de animais menores da mesma espécie.

Início das investigações
Os indícios da existência de um grupo de extermínio na Polícia Civil do Tocantins começaram a ser investigados pela Polícia Federal durante as operações que levaram à renúncia do ex-governador Mauro Carlesse. Na época, os investigadores descobriram que membros da Polícia Civil e da cúpula da SSP criaram um grupo de espionagem para monitorar investigações e cumprir ordens do ex-governador. Depois as investigações sobre as mortes foram desmembradas e deram origem à essa nova operação. O ex-governador Mauro Carlesse (Agir) não é investigado nesta operação.