Taguatinga (DF) - Pacientes com fratura atendidos no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Distrito Federal, relatam que a espera por cirurgias continuou após a diretoria da unidade informar que estava providenciando medidas para amenizar a superlotação. Um dos atendidos teve o procedimento cirúrgico remarcado três vezes e, por último, cancelado. A Secretaria de Saúde afirmou ao G1 que tem priorizado casos de emergência. Segundo a pasta, "o hospital segue realizando força-tarefa semanalmente para atender casos considerados de menor porte". Sexta-feira (8/11), a fila de cirurgia ortopédica na unidade – uma semana após cooperação com o Hospital Regional da Ceilândia (HRC) – ainda incluía dezenas de pessoas. Veja os números:
Cirurgia cancelada
Géferson de Sousa Almeida, de 17 anos, deu entrada no HRT após sofrer um acidente em uma motocicleta no dia 20 de outubro. Com uma fratura no tornozelo, ele precisa de uma cirurgia para colocar pinos, mas a espera, acompanhada da dor, seguiu por 17 dias, até ser informado de que não iria mais operar. Géferson conta que a cirurgia foi remarcada três vezes. Na primeira, ele foi encaminhado ao hospital de Ceilândia, mas foi barrado ao chegar lá. "Disseram que o hospital da Ceilândia tinha vaga porque tinha feito reforma e eu ia operar em um dia. Me colocaram na ambulância e tudo. Mas quando chegamos lá, a diretoria disse que não estava sabendo de nada." A Secretaria de Saúde confirmou o G1 que as unidades estavam fazendo cooperação para atender a demanda de cirurgias e que os pacientes encaminhados antes da data prevista tinham que "aguardar". Depois do ocorrido, o jovem, acompanhado de outros três pacientes, retornou para o hospital de Taguatinga. Ele recebeu alta após nove dias internado, e foi informado de que iria fazer uma cirurgia em uma semana. Contudo, a operação foi remarcada duas vezes. Em uma delas, por falta de anestesista na unidade. Na última quarta-feira (6), Géferson foi informado que não vai mais ser operado. O pé dele foi engessado e o adolescente recebeu alta. A previsão é de que fique imobilizado por 15 dias. "Engessaram o meu pé dizendo que é para ver se 'o osso cola'. Pra 'ver', nem é certeza"." Géferson lamenta pela demora no atendimento, que impactou a sua rotina e o afastou da sala de aula."Eu ia fazer o Enem e não fiz. Apresento congressos na minha igreja e como que fica agora, machucado assim?" Outro paciente barrado no HRC, Rafael Silva Cardoso, de 39 anos, passou por cirurgia na segunda-feira (4), após duas remarcações feitas com a preparação para a operação em jejum. Ele também aguardava desde o dia 20 de outubro.
O que diz a Secretaria de Saúde
A Secretaria de Saúde afirmou que Géferson "está sob tratamento conservador, ou seja, não necessita de intervenção cirúrgica". A pasta informou ainda que "o paciente recebeu as orientações de cuidado e encaminhamento para acompanhamento ambulatorial". De acordo com o GDF, problemas na estrutura no HRC influenciaram no aumento da demanda na unidade em Taguatinga – hospital público mais próximo da região. Imagens compartilhadas por pacientes no final de outubro mostram uma sala lotada, onde um paciente com fratura está deitado no chão. Há duas semanas, a imprensa Globo noticiaram o alagamento no hospital de Ceilândia. O motivo do incidente foi o rompimento na tubulação. A unidade passou por reparos e, com isso, houve transferência para outros hospitais. Ao final da reforma, a unidade voltou a receber pacientes.
Veja a nota do hospital, na íntegra:
"A direção do Hospital Regional de Ceilândia esclarece que a cooperação entre os dois hospitais segue normalmente. Até o momento, o HRC recebeu 19 pacientes encaminhados do Hospital Regional de Taguatinga, afim de proporcionar um atendimento mais rápido aos pacientes com fraturas. No HRC, 50 pacientes aguardam por cirurgia e a unidade realiza cerca de 200 procedimentos ortopédicos por mês. O tempo de espera dependerá da gravidade de cada caso. Com relação aos casos de cirurgia ortopédica, o Hospital Regional de Taguatinga esclarece que está realizando os procedimentos com ações de força-tarefa às terças-feiras à noite com cirurgias de menor porte."