Sábado, 23 de
Novembro de 2024
Brasília

Mobilização

Delegação de indígenas tocantinenses participa do acampamento Terra Livre em Brasília

O evento que começou nesta segunda-feira (24/4), se encerrará na sexta-feira (28/4)

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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A mobilização nacional está na 19ª edição e este ano traz o tema “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia!”.

24 abril, 2023

p/ Val Rodrigues

Do Tocantins  serão  representados os povos Apinajé, Krahô, Krahô-Kanela , Javaé, Karajá, Xerente,  Javaé, Karajá-Xambioá,  Kanela e Krahô-Takaywrá, no evento “O futuro indígena é hoje" em Brasília (DF).  O evento começou nesta segunda-feira  (24/4) e  encerrá  na sexta-feita  (28/4), com o tema “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia!”. A delegação formada por 200 indígenas de várias etnias do Tocantins está no Distrito Federal, onde está participando  da mobilização  que começou nesta segunda-feira   e encerrá na próxima segundo feira  dia 28/4 no  "Acampamento Terra Livre". A mobilização nacional está na 19ª edição e este ano traz o tema “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia!”. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organizadora do evento, são esperadas 6 mil pessoas no ATL. Parte da delegação tocantinense chegou em Brasília ainda no domingo e o restante do grupo se  deslocou para as terras brasilienses nesta segunda-feira (24/4). A secretária de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), Narubia Werreria, é uma das participantes. “Para nós povos Indígenas do Tocantins é importante participarmos deste evento para mostrar nossa cultura forte e bela, mas também os nossos problemas”, disse um dos participantes da delegação tocantinense Célio Kanela, presidente da Associação Crim Patehi, que representa a aldeia de mesmo nome, no município de Lagoa da Confusão.  O representante destaca que os debates no evento são importantes para dialogar sobre desafios como a “falta de demarcação de terras e dificuldade em acessar algumas políticas públicas como nas áreas da saúde, justiça, infraestrutura e saneamento”, disse ele, que também é membro do Instituto Indígena do Tocantins (Indtins), e diretor de Proteção dos Povos Indígenas, da Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot).  “No acampamento nós temos a oportunidade de falar e ouvir outras lideranças e discutir melhorias para todos os povos”, disse.

Apoio

Do total de tocantinenses, 90 tiveram a participação garantida pela Sepot.  “É uma satisfação muito grande saber que estamos contribuindo para que hoje tivéssemos a maior delegação de povos Originários da história do Tocantins no maior encontro indígena do país, o que garante a expressiva participação nos principais debates e articulações nacionais, sobretudo neste momento que temos um ministério conduzido por uma mulher indígena e a Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas]   também conduzida por Joenia Wapichana, uma mulher indígena”, enfatizou a secretária Narubia Werreria, por meio da assessoria de comunicação da pasta.

Debates

O evento vai debater cinco eixos temáticos em plenárias e contará ainda com a realização de três marchas pelas ruas de Brasília para protestar contra projetos de lei considerados como “anti-indígenas”. Um desses projetos, o Projeto de Lei 191/2020, permite a mineração em terras ancestrais dos povos indígenas. Além disso, durante toda semana estão previstas noites culturais. De acordo com a Apib, o ATL reforça a importância da demarcação das terras indígenas no Brasil, paralisadas nos últimos quatro anos. A entidade destaca que mais de 200 terras indígenas estão na fila da demarcação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Ao todo, 13 territórios estão com o processo em andamento, com a homologação a ser feita. Até o momento, cerca de 600 foram regularizadas.

Organização

O ATL é organizado pela Apib e construído em conjunto com sete organizações de base, sendo elas: Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), pela Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), pela Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste), Comissão Guarani Yvyrupa, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho do Povo Terena e Assembléia Geral do Povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu). O primeiro ATL foi em 2004 e, em 2022, reuniu mais de 8 mil indígenas, provenientes de 100 povos e de todas as regiões do país. Ao longo de dez dias de programação, os participantes do encontro abordaram pautas do movimento indígena. Também foi uma oportunidade de buscar fortalecer candidaturas de lideranças para concorrer a assentos no Congresso Nacional, já que era um ano eleitoral.