Sexta-feira, 22 de
Novembro de 2024
Brasília

Transexualidade

Coronel da PM do DF se torna primeira transexual com alta patente

Atualmente na reserva, Maria Antônia é tenente-coronel da PM do Distrito Federal

Foto: Reprodução
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Maria Antônia começou a transição após deixar a PM e hoje é a primeira transexual com alta patente da corporação

15 fevereiro, 2022

Maria Antônia é tenente-coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal. No início de fevereiro, ela esteve na capital para alterar os documentos militares e, assim, se tornou a primeira coronel transexual da PMDF, além de ser a única do país com patente de tenente coronel. Nas redes sociais, ela contou que foi respeitada e bem atendida no momento de fazer a alteração dos documentos. “Estou aqui novamente para aproveitar o mês da visibilidade trans e dar uma notícia em primeira mão, no sentido também de ajudar outras pessoas que tenham a mesma profissão que eu tive. Trabalhei mais de 30 anos na Polícia Militar do Distrito Federal”, contou. “Agora estou na reserva remunerada”. “Hoje estou em Brasília para fazer a retificação dos meus documentos. Fui muito bem atendida, muito bem tratada. Foi simples, fácil, sem nenhuma burocracia”, disse nas redes sociais. “Assim, a título de curiosidade, até o momento consta que sou a primeira mulher trans tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal e de todas as PMs e dos Bombeiros Militares do Brasil.” A transição foi feita depois de Maria Antônia, de 60 anos, deixar a PM. Ao portal Metrópoles, ela afirmou que cada um tem seu tempo. “Imagine que, há 30 anos, o máximo que a sociedade ouvia era sobre a existência da Roberta Close. Não havia informação sobre o assunto. No meu caso, ocorreu um processo que foi se solidificando, se reconhecendo e se identificando. Cada pessoa tem o seu tempo. Ser transexual não é uma escolha, é uma realidade, ninguém quer escolher ser alvo de discriminação”, disse. Maria Antonia está na reserva desde 2006 e, atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul. A transição se intensificou nos últimos quatro anos, mas tudo começou quando ela deixou a corporação. “Fiz o melhor que eu pude, da melhor forma possível. Todos os papéis que a vida impôs eu segui. Quando tudo terminou e fui para a reserva, sobrou um tempo para mim”, revelou ao Metrópoles. Ela contou ainda que foram pelo menos oito cirurgias no rosto, para ficar mais “feminina”. “No entanto, é preciso frisar que pessoa trans não é definida pela quantidade de cirurgias, mas por sua essência, exatamente pela própria identidade de gênero que ela se reconhece.” Maria Antônia entrou na Polícia Militar do Distrito Federal em 1987 e, antes de deixar a corporação, era parte do comando-geral da PM da capital federal. Ao Metrópoles, ela afirmou que ao ser respeitada, ninguém fez um favor a ela, já que se trata de um direito constitucional tratar os cidadãos de forma igual. “A cidadania trans é uma realidade social política e humana no Brasil, onde, infelizmente, ainda é o país recorde na matança, assassinato de mulheres trans, travestis e pessoas LGBTQIA+, situação inaceitável que precisa ser corrigida de acordo com a lei.”