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Novembro de 2024
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Veja onde ajudar: Covid-19 intensifica fome e faz Brasil agonizar no auge da pandemia

Auge da pandemia tem piorado crise de fome que já era grave no País

Foto: Divulgação
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"Ou morre de fome ou de Covid-19"

05 abril, 2021

"Ou morre de fome ou de Covid-19". Essa dualidade dramática se tornou corriqueira para ilustrar o drama vivido por cada vez mais gente no Brasil. Como é frequente na história do país, são as classes mais vulneráveis as que têm sofrido com a crise social agravada pela pandemia do novo coronavírus. De acordo com o levantamento "A Favela e a Fome", realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a Central Única de Favelas (Cufa), os moradores das 76 comunidades pesquisadas fazem atualmente 1,9 refeições diárias em média. O que significa dizer que apenas uma delas (café da manhã, almoço ou jantar) é feita por todos os moradores dessas localidades, sendo as crianças as que geralmente recebem um eventual segundo prato de comida. Para Adriana Salay Leme, especialista que estuda história do Brasil contemporâneo e temas relacionados à fome e hábitos alimentares, é difícil, pela falta de dados, estimar se a pandemia já causa a pior crise da história do país nesse aspecto. Ainda assim, é possível garantir que o cenário atual é grave. "Existe uma fome estrutural que se acentua num momento de crise. Famílias que não estavam em lugar de risco acabam alçadas a esse posto por perderem sua capacidade aquisitiva", afirma Adriana ao Yahoo! Notícias. Ainda de acordo com o levantamento acima, 68% dos mais de 2 mil entrevistados disseram ter a alimentação prejudicada durante a crise sanitária, com grande parte chegando a passar fome. Em agosto de 2020, o índice era de 43%. No último dia 31 de março, o desemprego no Brasil fechou o trimestre encerrado em janeiro em 14,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o número de pessoas desempregadas ficou em 14,3 milhões. É a maior taxa já verificada para o período de novembro a janeiro. "Já provamos que, numa sociedade como a nossa, a alimentação está diretamente ligada à renda. Vivemos uma crise de desemprego enorme, portanto, passamos por um grave problema de fome hoje no país", assevera a historiadora. Com a crise sanitária acentuando as desigualdades no aspecto social, Adriana aponta os aumentos na mortalidade e na criminalidade como sendo os principais riscos à médio prazo. "[Da mortalidade] não exatamente por inanição, falta de alimento. Quando você diminui quantidade e qualidade do alimento, você deixa progressivamente o seu corpo mais vulnerável. Não à toa, pesquisas já revelaram que populações periféricas e negras morrem mais de Covid-19 do que populações centrais e brancas. Não só pelo acesso à saúde, mas também por um corpo preparado para combater essa doença", explica a historiadora, que critica a volta do auxílio emergencial em um valor menor do que o concedido pelo governo federal na primeira rodada do benefício. A segunda fase do auxílio começa a ser paga na terça-feira (6/4).  Em uma ação para ressaltar o tamanho da gravidade do quadro da fome no país, Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, uma das organizações responsáveis pela campanha #auxilioateofimdapandemia, dá voz e nome aos apelos que recebe todos os dias de pessoas que já enfrentam a fome porque estão sem renda, sem auxílio e sem emprego. Veja abaixo:

Doações amenizam, políticas públicas solucionam

"O meu sentimento, por incrível que pareça, foi um entusiasmo em ajudar. Mas é claro que chegar lá é entristecedor, há muita gente em situação deplorável, quase sem roupa, dormindo em lona, caixa de papelão. [Quando recebem a marmita] Pessoas falam que é a primeira refeição completa em três dias". Esse é o relato de Natália Perlatto ao Yahoo! Notícias. A estudante de medicina começou em 2021, já com o recrudescimento da crise, a realizar trabalho voluntário na ONG Anjos da Noite, que distribui alimentos e itens de higiene para pessoas carentes na capital paulista Para a historiadora, que também atua num projeto de doações de alimentos, esse tipo de ajuda é fundamental, já que o problema da fome constituiu uma urgência imediata, mas ela ressalta que é o Estado que tem a obrigação de solucionar o problema.  "Alimentação é um direito garantido na Constituição. É dever do Estado prover acesso à alimentação para essas famílias. Mas, a partir do momento que o Estado não garante, e hoje está muito claro isso, precisa haver uma mobilização da sociedade civil em duas direções: pressão para que se exerça efetivamente esse dever do Estado e o outro é uma mobilização de ajuda coletiva para o que está acontecendo. A fome ela não pode esperar políticas estruturais para que nós a combatamos", diz Adriana. Além da piora da situação social no país, percebida enquanto realizava o seu internato em um hospital da Zona Leste de São Paulo, Natália conta que foi uma autoavaliação do tamanho dos seus privilégios aliada ao exemplo de um amigo já atuante na ONG que a motivou a começar com a ação voluntária. No último mês, ela foi presença frequente nas entregas que acontecem no período noturno, sempre na região central da capital paulista. "Eu sempre quis participar, mas vendo o quanto eu tenho e o quão era confortável estar dentro de casa, tudo isso me deu um empurrão. No hospital, vi muita gente que tinha plano de saúde privado e perdeu por causa da pandemia. Gente que tinha serviço, mas depois perdeu e agora não tem condições de utilizar o setor privado, entre outras coisas", diz a estudante que garante a vontade cada vez maior de seguir participando das ações da ONG, cujo ambiente ela classifica como "muito acolhedor", e que ajuda "qualquer um que passar e pedir" um prato de comida. Adriana ressalta que diante da insuficiência das doenças para resolver o problema de forma estrutural, eram as políticas públicas que, inclusive já existem, que deveriam estar sendo postas em prática pelas autoridades. Ela aponta o PNAE (Plano Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) como algumas das alternativas, bem como um maior investimento em restaurantes populares. "O acesso à renda ainda é a principal política para enfrentar o problema. Porém, vemos uma acefalia do governo federal na gestão dessa crise. As prefeituras e os Estados optaram por políticas próprias muito diferentes entre si e, em alguns casos, até inexistentes na prática", avalia a historiadora. 

Saiba onde e como ajudar

ONG Anjos da Noite

Ajude aqui: NÚCLEO ASSISTENCIAL ANJOS DA NOITECNPJ: 67.637.231/001-81
Chave Pix: 67637231000181 / Depósito Banco do Brasil: AG (1812-0) CC (940709-0)

Aceita-se doação de arroz, feijão carioca e óleo, de segunda a sábado (das 10h às 16h), no endereço Rua José Teixeira da Silva, 15 - Parque Paineiras - SP ; CEP: 038694-140

Gerando Falcões - Corona no Paredão

No ano passado, a ONG arrecadou 25 milhões de reais que beneficiaram 420 mil famílias faveladas por todo o país. Ajude aqui:: gerandofalcoes.com/coronanoparedao

Fundo de Solidariedade para Famílias Sem Teto

O MTST irá construir 16 cozinhas em municípios periféricos de 11 estados do país com o projeto Cozinha Solidária. A proposta é distribuir almoço gratuito para as famílias em situação de vulnerabilidade. Ajude aqui:: https://apoia.se/cozinhasolidaria ou por PIX: CNPJ: 28.799.171/0001-41

Tem Gente com Fome

A Coalizão Negra Por Direitos, em parceria com a Anistia Internacional, Oxfam Brasil, Redes da Maré, Ação Brasileira de Combate às Desigualdades, e outros, lançaram uma campanha para arrecadar fundos e para ações emergenciais no enfrentamento da crise. 

Ajude aqui:: www.temgentecomfome.com.br ou depósito em conta corrente para Associação Franciscana DDFP:

CNPJ: 11.140.583/0001-72
Banco do Brasil
Agência: 1202-5
Conta Corrente: 73.963-4
Chave PIX: 11.140.583/0001-72

Fundo solidário Mães da Favela - Central Única das Favelas CUFA

Fundo solidário para o enfrentamento da covid-19 para mães, chefes de família, em comunidades e favelas. O projeto doa cestas básicas e cestas digitais - o valor de R$ 120 em dinheiro, por dois meses. Ajude aqui: www.maesdafavela.com.br ou pelo Instagram: @cufabrasil