Brasília (DF) - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou nesta quinta-feira que os adolescentes sem comorbidades não deverão completar a imunização contra a Covid-19. Mesmo aqueles que já receberam a primeira dose terão a vacinação suspensa. “Aqueles sem comorbidades, independentemente da vacina que tomaram, não tomem outra, por uma questão de cautela. Os com comorbidades podem completar o esquema vacinal”, declarou. O anúncio veio junto com a decisão do Ministério da Saúde de restringir a vacinação de jovens de 12 a 17 apenas àqueles que apresentam comorbidades. Queiroga justificou o recuo afirmando que a imunização de adolescentes no país foi realizada de forma “intempestiva” e sem a segurança necessária. Isso porque alguns lugares teriam distribuído vacinas não autorizadas para esta faixa etária, uma vez que, de acordo com a Anvisa, apenas a Pfizer é própria para aplicação em adolescentes. Outra justificativa dada por Queiroga é uma suposta falta de evidências científicas suficientes que embasem a vacinação para estes jovens. Segundo Queiroga, até o momento, 3,5 milhões de adolescentes já foram vacinados no Brasil. O ministro destacou que 1,5 mil deles, ou 0,042%, apresentaram eventos adversos após a aplicação da dose.
Ministério recomendou vacinação apenas para adolescentes com comorbidades
Na noite da última quarta-feira (15/9), o Ministério de Saúde divulgou uma nota recomendado a suspensão da vacinação de jovens entre 12 e 17 anos sem comorbidades contra a covid-19. Segundo a pasta, houve uma “recomendação para a imunização” deste grupo, feita pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 – mesmo com a aprovação pela Anvisa do uso da Pfizer para esta faixa etária. Segundo a pasta, devem continuar a ser imunizados jovens entre 12 e 17 anos com comorbidades, com deficiência permanente ou jovens provados de liberdade. A nota lista seis motivos para a revisão dessa vacinação.
Veja abaixo os motivos litados pelo Ministério da Saúde:
A Organização Mundial de Saúde não recomenda a imunização de criança e adolescente, com ou sem comorbidades;
A maioria dos adolescentes sem comorbidades acometidos pela COVID-19 apresentam evolução benigna, apresentando-se assintomáticos ou oligossintomáticos;
Somente um imunizante foi avaliado em ECR;
Os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos;
Apesar dos eventos adversos graves decorrentes da vacinação serem raros, sobretudo a ocorrência de miocardite (16 casos a cada 1.000.000 de pessoas que recebem duas doses da vacina);
Redução na média móvel de casos e óbitos (queda de 60% no número de casos e queda de mais de 58% no número de óbitos por covid-19 nos últimos 60 dias) com melhora do cenário epidemiológico.