Sexta-feira, 29 de
Novembro de 2024
Brasil

Confisco

Tocantins confisca leitos de UTI´s privados nas três maiores cidades do Estado

Segundo a secretaria da saúde do Estado, a decisão saiu após empresas particulares de Palmas transportarem cerca de 17 pacientes do Pará para UTI´s da capital tocantinense

Foto: Nilcem FErnandes / Governo do Tocantins
post
Tocantins confisca leitos de UTI´s privados nas três maiores cidades , após invasões de pacientes

20 maio, 2020

Palmas (TO) - O Governo do Tocantins confiscou mais de 70% dos leitos da Unidades de Terapia Intensiva (UTI´s) em oito hospitais particulares localizados na capital e mais duas cidades do Estado:  Araguaína no norte e Gurupi ao sul de Palmas.As três cidades são consideradas estratégicas pela gestão estadual no enfrentamento  do novo coronavirus e concentram 46 leitos de UTI´s da rede pública excluvisa para pacientes adultos  com Covid-19.Segundo o secretário da Saúde Luis Edgar  Tollini, a decisão saiu após empresas particulares de Palmas  transportarem cerca de 17 pacientes do Pará  para UTI´s  da capital tocantinense. O Secretário disse temer que este movimento causasse um colapso no Tocantins e afirma que 93%  dos  tocantinenses usam o Sistema Único de Saúde (SUS). " Como temos dificuldades de expandir a oferta de leitos de UTI´s na rede pública de saúde, devido à impossibilidade do mercado de  equipamentos  necessários à montagem dos mesmos em prazo curto, nós estamos requisitando leitos na rede particular, pois não queremos a situação de estados vizinhos em que a rede de saúde já entrou em colapso" , afirmou Tollini. O governo não confirmou o quantitativo de leitos  atingidos pela requisição administrativa pública de sexta-feira (15/5),  mas listou os hospitais notificados. Recebeream as advertências as unidades hospitalares: Santa Tereza, Unimed, Palmas Medical, Oswaldo Cruz, Instituto Ortopédico do Tocantins e Hospital e Maternidade Cristo Rei, todas localizadas na capital. No interior, foram notificados os hospsital  da Unimed de Gurupi e o Hospital Dom Orione de Araguaína, distantes cerca de 200km e 400km de Palmas, respectivamente. Neste último, o Estado já havia contratado por dispensa de licitação 10 leitos de UTI´s adultas com diárias de R$1.600,00. Esses 10 leitos  do hospital particular em Araguaína fazem parte do 46  UTI-Covid, mantios pelo Estado. As outras vagas estão espalhadas pelo hospital regional de Araguaína (10), Regional de Gurupi (10) e Regional de Palmas (16). Além dos  46 leitos para adultos, há ainda,  8 unidades para pediatria:  São 2 no HGP e mais  6 no Hospital Infantil de Palmas (HIP). 

Contestação

O confisco desagradou o Sindicado dos Hospitais e dos Estabelecimentos de Saúde do Tocantins (SINDESSTO). Em nota, o Sindicato repudiou o ato  e o  classificou de  " ditadorial". A  entidade  também rebateu o secretário: "Diferentemente do que foi alegado pelo secretário da saúde do  estado, Dr. Edgar Tollini, desde de abril, os hospitais privados ofereceram vía ofício, leitos de terapia intensiva para o governo do estadual. No entanto, à época,  o governo respondeu afirmando que tais leitos  não eram necessários,  uma vez que o estado, estava priorizando a  construção  de um hospital de campanha, diz o texto. O sindicato afirma  que pretende ir à justiça, para que seja acordado os gastos com insumos, medicamentos e mão de obra que não constam na requisição. Em nota, a SES afrma que a proposta do Sindicato foi descartada, porque a quantidade de leitos oferecida pelos hospitais para a parceria não atenderia a demanda e que irá pagar   pela disponibilidade dos leitos.  A portaria que requisitou os leitos prevê o prazo de 10 dias para a abertura de processo administrativo para apurar o valor  da indenização a ser pagas aos hospitais. O anúncio oficial de três hospitais  de campanhas em Palmas, Guripi e Araguaía  chegou a ser feito pelo executivo estadual no dia 20 de abril com 100 leitos e 50  em cada cidade do interior, mas não concretizou. O diretor do Hospital Santa Tereza, Luiz Carlos Teixeira, afirma ter sido pego de surpresa. " É bem da verdade que gostaria de ter sido convidado pelo secretário da saúde, à uma conversa prévia, para a requisição dos nossos leitos.Já que isso não foi possível,  estamos aguardando as tratativas administrativas, para saber em que bases contratuais, se darão essas requisições" , disse. O Santa Tereza não possui nenhum paciente internado com Covid-19 e tem como um dos principais focos, o atendimento aos cerca de 90 usuários do Plansaúde ( Plano de Saúde dos Servidores Públicos). " Agora fica à critério do governo do estado,  a exclusiva responsabilidade da regulação de todos e quaisquer leitos para os pacientes do Covid-19, afirma Teixeira. Diretor presidente da Unimed Palmas, Ricardo do Val Souto, considera a medida do governo " um tiro na nuca do moribundo". Segundo o médico, houve uma queda  no movimento dos  hospitais entre  70% e 80%, cirurgias eletivas foram suspensas, serviços de emergências e no consultórios cairam drasticamente. “ Os hospitais privados,vão simplesmente falir, fechar as portas.  Os custos de manutenção de uma equipe de UTI são elevadíssimos. O hospital só consegue recuperar seus custos fixos se a taxa de ocupação, for superior a 70%. Abaixo disso, é só projuízo, avaliou. A portaria do goveno do Tocantins autoriza  o uso de forças de segurança pública para a missão de posse no hospital que criar embaraço para a ocupação dos leitos requisitados.

Fontes: ESTADÃO / www.poptvnews.com.br