São Paulo (SP) - Comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar, na área dos Jardins e Consolação, Evanilson de Souza foi chamado de "macaco" em sua participação na conferência online do curso de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) na terça-feira(9/2). A vítima atua na frente de combate ao racismo e fará parte da Câmara temática da PM sobre o tema. Segundo o ouvidor da polícia, o Dr. Elizeu Soares Lopes, o crime aconteceu porque o racismo no Brasil atinge toda a população negra e o fato de o coronel ser policial não o afasta de sua condição de pessoa negra na sociedade. "Não é por acaso que ele sofreu racismo e é preciso ter uma resposta de igual dimensão para esse crime", avalia. O tenente agredido vai unir provas e abrir boletim de ocorrência para registrar o crime. Lopes conta que a atuação de Evanilson como instrutor da PM no combate ao racismo e a participação na conferência online com os alunos da USP tinha essa finalidade. "Trata-se de uma pessoa de representatividade muito grande para os direitos humanos aqui no Brasil, as pessoas que cometeram esse crime tem que ser presas", afirma. Em nota enviada à agência Alma Preta, a Polícia Militar do Estado de São Paulo informou que repudia as ofensas raciais e mensagens de ódio praticadas contra o tenente-coronel. Além disso, a corporação reforçou que Evanilson de Souza foi convidado pela organização do curso para, justamente, expor o programa de combate ao racismo da PM e que o ataque, que também se qualifica como um crime cibernético, prejudicou o andamento da apresentação. Também procurado pela reportagem, o Instituto de Relações Internacionais da USP afirmou repudiar a prática do crime classificado pela universidade como "inaceitável" e "que fere os princípios constitucionais da honra e dignidade da pessoa humana". Segundo o instituto, os coordenadores do curso já enviaram denúncia para a Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a ocorrência foi registrada na manhã desta quarta-feira (10/2).