Brasília (DF) - O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) decidiu abrir mão de sua candidatura nas prévias presidenciais do PSDB para apoiar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, conforme antecipou o colunista Lauro Jardim. O anúncio deve ser oficializado com a presença de Leite na tarde desta terça-feira (28/9) em Brasília. Embora aliados de ambos ainda evitem confirmar publicamente a aliança entre o gaúcho e o cearense, a desistência de Tasso pela indicação do partido para concorrer ao Planalto em 2022 já era esperada. Desde julho, quando passou a ser pré-candidato, seus movimentos políticos nas primárias ficaram restritos a videoconferências e atividades internas do partido a distância. No mesmo período, a disputa se afunilou entre Leite e o governador de São Paulo, João Doria, cujas campanhas estão ativas com viagens semanais aos estados. Em entrevistas, Tasso chegou a admitir a intenção de não disputar a reeleição ao Senado no ano que vem, quando encerrará seu segundo mandato como senador. Ao site Metrópoles, afirmou que aos 72 anos deseja dedicar seu tempo à família e aos netos. Pessoas próximas também afirmam que ele tem problemas de saúde que necessitam de mais cuidados. A simpatia entre Tasso e Leite se evidenciou desde que o PSDB passou a discutir o modelo de prévias. Na ocasião, Tasso apoiou as normas defendidas por aliados de Leite para que os votos dos mandatários tivessem maior peso do que os dos filiados, conforme o grupo de Doria defendia e acabou derrotado. Depois disso, o cearense e Leite tiveram diversas conversas fechadas. O senador chegou a dar entrevistas em que dizia que a tendência do processo era de que todos os candidatos se unissem contra Doria, cujo favoritismo era evidente em razão da máquina do Palácio dos Bandeirantes, da estrutura do partido no estado e também do peso de São Paulo, cujo colégio eleitoral na disputa é o maior e equivale a 22%. A proximidade entre Tasso e Leite aumentou ainda mais no mês passado, quando Doria afirmou ao programa Roda Viva que Tasso já tinha abandonado a disputa interna do partido. O senador não gostou de não ter sido consultado antes pelo paulista e disse que mantinha a sua candidatura. O episódio causou mal-estar interno e o governador pediu desculpas e alegou que havia sido induzido ao erro por uma notícia de um colunista político horas antes da entrevista. A justificativa, porém, não colou, embora publicamente Doria tenha a postura de fazer elogios aos adversários nas prévias. Uma das figuras icônicas do PSDB, Tasso foi três vezes governador do Ceará. Sua influência no nordeste é tida como um ativo por aliados de Leite, que espera ampliar apoio nos estados da região. Nas últimas semanas, Leite e Doria têm viajado aos estados em busca de apoio político. Até agora, Leite recebeu o endosso do diretório da Bahia e já dá como certo o de Alagoas, onde o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) é um dos entusiastas da campanha do gaúcho. O aval do Ceará viria por gravidade com a saída de Tasso. Além disso, Leite já conquistou o apoio dos diretórios do Amapá, Paraná e Minas Gerais. O último é o segundo maior colégio eleitoral, equivale a 12% dos votantes tucanos e coloca Leite em equilíbrio na disputa. Na semana passada, aliados do gaúcho se animaram com uma projeção da consultoria de risco político Eurasia, que colocava Leite em posição de vantagem. Ainda assim, a disputa segue aberta, segundo tucanos experientes. Doria tem quebrado resistências e conseguiu apoio até mesmo em estados ruralistas, onde seu discurso anti-Bolsonaro tem mais dificuldade. O paulista já tem apoio no Tocantins, Distrito Federal, Acre e Pará. Doria também espera ganhar alguns votos no Rio Grande do Sul, onde já conseguiu conquistar a ex-governadora Yeda Cruscius, que preside o PSDB Mulher. Em São Paulo, Leite deve ficar com os votos de aliados do ex-governador Geraldo Alckmin, desafeto de Doria.
Fontes: Colunista Lauro Jardim - O GLOBO / www.poptvnews.com.br