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Renan Calheiros (MDB- AL): O MDB cristianizou Tebet e virou "pedinte, com a bancada mendigando"

Senador critica decisão do partido de abandonar candidata no Senado para apoiar Rodrigo Pacheco (DEM-MG)

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado / Estadão Conteúdo
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Senador Renan Calheiros (MDB-AL)

30 janeiro, 2021

Brasília (DF) - Na sua avaliação, o MDB "cristianizou" Tebet e virou "pedinte", com a bancada "mendigando" uma conversa com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para receber "carguinhos como favor". "É o fim melancólico para quem liderou a Casa e agora foi rebaixado para Série D", escreveu Renan, que foi presidente do Senado em uma época na qual o partido também estava à frente da Câmara. A eleição que vai escolher a nova cúpula do Congresso será realizada na próxima segunda-feira, 1.°. O acordo para "rifar" Tebet, que mantém a candidatura ao comando do Senado como "independente", foi fechado nesta quinta-feira (28/1). Na ocasião, o líder da bancada do MDB, Eduardo Braga (AM), se reuniu com Alcolumbre e negociou com ele a adesão do partido à campanha de Pacheco, candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. O acerto prevê que o MDB ficará com a primeira vice-presidência do Senado, a segunda secretaria e o comando de duas comissões. A mais cobiçada é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas o próprio Alcolumbre quer ocupar essa cadeira, considerada muito importante para o Palácio do Planalto, porque por lá passam todos os projetos de interesse do governo. "Definitivamente, falta-nos rumo, bandeira e deixar claro que o óbvio esmagamento da proporcionalidade implicará na suspensão da governabilidade do Senado e do Congresso, pelo menos", afirmou Renan, em uma das mensagens para o grupo de senadores. "Maioria dividida transforma-se em minorias desesperadas, sem rumo, sem condução. Porque jamais haverá um único líder para facções diferentes. Viramos um bando, deixamos de ser Partido". Na Câmara, o MDB lançou a candidatura de Baleia Rossi (SP) à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ). A campanha de Baleia, que é presidente nacional do partido, enfrenta dificuldades diante do assédio do Palácio do Planalto, que tem negociado cargos e emendas com o objetivo de atrair votos para o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), líder do Centrão. A disputa virou um jogo de "tudo ou nada" para o governo porque Bolsonaro avalia que, se Baleia vencer, será pressionado por aliados, principalmente por Maia e por siglas de esquerda, a aceitar um dos 59 pedidos de impeachment hoje parados na Câmara. No Senado, o MDB é a maior bancada, com 15 integrantes. Pela tradição da Casa, teria prioridade na escolha de cargos na Mesa e em comissões, independentemente do resultado da disputa. Esse acordo de cavalheiros, porém, foi quebrado em fevereiro de 2019, quando Alcolumbre foi eleito para presidir o Senado. Tebet era líder do MDB e chegou a travar uma queda de braço com Renan pela indicação do partido para concorrer ao comando da Casa. "Devemos absorver o recado das urnas, que clamou por renovação na política e, consequentemente, no Senado", disse a senadora, à época, em referência aos inquéritos contra Renan, alvo de delações da Lava Jato, no Supremo Tribunal Federal. A decisão de Tebet de enfrentar Renan no plenário, naquele ano, mesmo tendo sido derrotada na bancada, foi considerada por ele como o pivô da crise que se abateu sobre o partido. Na ocasião, a senadora só retirou a candidatura na última hora para apoiar Alcolumbre, ganhando depois o comando da CCJ. Isolado, rotulado como "velha política" pelo novo governo, Renan acabou renunciando quando viu que perderia. "Eu voltei para o baixo clero. Sou o 081 do Senado", disse Renan ao Estadão, naquele 2 de fevereiro de 2019. De lá para cá, o senador se aproximou de Alcolumbre, mas agora vestiu novamente o figurino da oposição. Inicialmente, Renan achava que o candidato do partido poderia ser Eduardo Braga. Mas, como o líder da bancada desistiu de entrar no páreo depois que o PT declarou apoio a Pacheco, Renan chegou à conclusão de que o MDB deveria "se unir" e pedir votos para Simone, demonstrando sua insatisfação com o Palácio do Planalto. O problema é que, na Casa de Salão Azul, o MDB está dividido e muitos são aliados de Bolsonaro. Atualmente, a bancada do partido abriga dois articuladores do governo. Fernando Bezerra Coelho (PE) é líder no Senado e Eduardo Gomes (TO), no Congresso.