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Economia

Real digital: entenda como vai funcionar a nova moeda digital brasileira

Previsão é de que a moeda entre em circulação somente em 2024

Foto: Divulgação
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A moeda digital brasileira começará a funcionar no ano que vem

05 março, 2022

Não é só a China e a Índia que pretendem criar uma versão digital das suas moedas. No Brasil, o Banco Central (BC) já está começando a trabalhar com projetos para viabilizar o real digital, que vai criar uma moeda digital. A maior parte dos países vê nas CBDCs (da sigla em inglês para Central Bank Digital Currency) o potencial de melhorar a eficiência do mercado de pagamentos de varejo e de promover a competição e a inclusão financeira para a população ainda inadequadamente atendida por serviços bancários. No Brasil, o BC vem acompanhando o tema há alguns anos e em agosto de 2020 organizou um grupo de trabalho para a realização de estudos sobre a emissão de uma moeda digital pela instituição. Entenda aqui como vai funcionar o real digital.

O que é o real digital?

Trata-se de uma moeda alternativa, mas com o mesmo valor do dinheiro tradicional físico. A ideia do Banco Central (BC) é criar uma carteira virtual em custódia de um agente autorizado pelo BC  -  como um banco ou uma instituição de pagamento. A moeda terá o mesmo valor do real e poderá ser convertida para qualquer outra forma de pagamento hoje disponível -  como depósito bancário convencional ou em real físico. Para avançar no desenho do real digital, o BC lançou em 30 de novembro do ano passado uma edição especial do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas de Desafio do real digital, o LIFT Challenge Real Digital, que buscou avaliar seus casos de uso e sua viabilidade tecnológica. Na  quinta-feira (3/3) foram selecionados 9 projetos para serem implementados a partir do dia 28 de março, são eles:

AAVE – recursos de vários poupadores (formando um pool de liquidez) para oferecer empréstimo e garantir a aderência dessas operações às normas do sistema financeiro;

BANCO SANTANDER BRASIL – conversão de DvP (Delivery versus Payment) para o formato digital do direito de propriedade de veículos e imóveis;

FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos)– DvP de ativos financeiros;

GIESECKE + DEVRIENT – pagamentos dual offline;

ITAÚ UNIBANCO – pagamentos internacionais, empregando método de PvP (payment versus payment) em uma aplicação com a Colômbia;

MERCADO BITCOIN – DvP de ativos digitais, com foco em criptoativos;

TECBAN – solução de logística para e-commerce baseada em técnicas de internet das coisas;

VERT (associada à Digital Assets e à Oliver Wyman) – financiamento rural baseado em um ativo tokenizado programável com valor atrelado ao do real (stablecoin do Rral);

VISA DO BRASIL (associada à Consensy e à Microsoft) – financiamento de pequenas e médias empresas com base em uma solução de DeFi.

E o dinheiro físico?

Segundo o Banco Central, a ideia é fazer com que a moeda virtual seja um complemento ao real em espécie. Nesse sentido, é importante considerar que, no Brasil, ainda há grande parte da população sem acesso a serviços financeiros. “Assim, quando o BC movimenta a liquidez da economia, em sua missão de garantir a estabilidade do valor de compra do real, a quantidade de reais digitais em circulação será levada em conta”, diz o órgão em comunicado. Assim, o real digital irá compor a medida de agregado monetário de maior liquidez disponível, similar a depósitos bancários e à moeda física em poder das pessoas.

Desafios

O maior desafio à implantação de um real digital decorre do fato de o sistema de pagamentos brasileiro já ser moderno, com boas soluções implantadas tanto para pagamentos no atacado quanto no varejo. Para o BC, o desafio é que o mercado brasileiro ainda não está completamente maduro para esses novos modelos. “O Banco Central deve estar preparado para desenvolver instrumentos para atender às demandas da sociedade e para garantir a eficácia de suas políticas de estabilidade monetária e financeira, conforme expresso em sua missão. O real digital parece ser a ferramenta ideal para essas tarefas”, diz comunicado do órgão.

Segurança

Para garantir a segurança e privacidade, o BC determinou que serão seguidas as regras de sigilo bancário e da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Outras questões legais dizem respeito ao atendimento das normas de compliance internacional em relação à lavagem de dinheiro e a outras recomendações internacionais.

O que falta para implementar?

Com base nos resultados obtidos no desafio, o BC irá avançar em uma fase de pilotos com a participação da população, que deverá se iniciar até o final de 2022 e se estender ao longo de 2023. A expectativa é que em 2024 a solução comece a ser implementada.